Os países denominados rogue states, considerados “estados vilões” pelos Estados Unidos, enfatizam a própria reputação para fortalecer sua baixa capacidade bélica. Foi o que concluiu Karen Katarine Mizuta em sua dissertação de mestrado para o Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo. Segundo a pesquisadora, o arsenal bélico desses países, mesmo pequeno, adquire força por estar nas mãos de um Estado considerado deliquente e irracional no cenário internacional.
Apesar disso, a pesquisadora defende que a posição norte-americana ainda é um elemento chave para a denominação de um país como “estado vilão”, e afirma que os Estados Unidos usam dessa reputação para demonizá-los e excluí-los do sistema internacional. Entre os critérios normalmente descritos para a rotulação desses países estão a aquisição de armas nucleares, subversão ao sistema internacional, envolvimento com terrorismo, irracionalidade, mas, também, aversão aos Estados Unidos.
“O conceito e rótulo rogue state é uma construção social da política externa americana.”, afirma Karen. “Este parte da própria percepção americana em relação ao comportamento de determinados países. No entanto, este conceito não é sustentável, na medida em que é aplicado pelo governo americano de maneira subjetiva e não utilitária, se observado os critérios apontados para tal denominação e a real utilização do conceito.”
A pesquisa partiu de um levantamento bibliográfico, analisando a evolução história do conceito de rogue state, seu surgimento e suas implicações. Foram levantados documentos oficiais do governo americano, além de material acadêmico. No entanto, foram analisados apenas dados empíricos e discursos de lideranças de países como Iraque e Coréia do Norte, devido à dificuldade de acesso a documentos oficiais sobre seus programas nucleares.