ISSN 2359-5191

05/08/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 41 - Saúde - Faculdade de Medicina
Teste de memória como opção para pessoas com dificuldade de comunicação

Memória operacional é um termo que corresponde a uma habilidade cognitiva de armazenamento temporário das informações verbais e visuais. Ou seja, é a memória responsável por períodos curtos e que permite que a informação se mantenha atualizada até o momento que se utilizar ou até relacionar com informações que já estavam armazenadas anteriormente. Caso a informação não seja usada, é, então, descartada. Essa habilidade cognitiva é usada diariamente, e está intimamente ligada com a linguagem, mas quando ocorre doenças, como acidente vascular cerebral (AVC) ou o traumatismo crânio encefálico (TCE), que geram dificuldades de comunicação, como pode se avaliar se a memória operacional foi, ou não comprometida? Pensando nisso, a fonoaudióloga Vanessa Tomé Gonçalves Calado elaborou sua pesquisa investigando a validade do teste n-back para essas situações.

A maioria dos testes que avaliam memória operacional utilizam números e figuras, mas poucos utilizam de estímulos verbais, o que limita a aplicação para indivíduos com dificuldades de comunicação. O n-back  foi elaborado como uma tarefa em que uma série de palavras eram apresentadas e, toda vez que o individuo identificasse alguma palavra, fazia uma sinalização. “Esta tarefa exige todas as características da memória operacional, ou seja, armazenamento das palavras, manipulação e atualização da informação na memória para posterior reconhecimento”, conta Vanessa.

Ao estabelecer o teste, foi a vez de descobrir sua eficácia na população de pacientes acometidos por TCE. O traumatismo cranioncefálico se da quando ocorre um trauma na cabeça que levam a lesões neurais pelo impacto direto ou a eventos fisiopatológicos após o impacto. É uma doença com alta incidência e prevalência no Brasil. Vanessa diz que é estimado que cerca de 500 mil pessoas são hospitalizadas por TCE, sendo que 75 a 100 mil morrem após algumas horas do evento e 70 a 90 mil evoluem para perda irreversível de alguma função neurológica.

O abalo da memória é uma das principais sequelas e impacta diretamente na comunicação ocasionando a essas pessoas grandes dificuldades para se reintegrar à sociedade. A partir desse estudo, “pode se observar que os indivíduos que apresentavam alteração de memória tiveram alteração na tarefa realizada, o n-back, e houve uma correlação entre a memória e outras habilidades de linguagem que impactam diretamente na comunicação”, conta Vanessa. Apesar de ter se mostrado funcional, o teste ainda não pode ser usado clinicamente, por ser necessário sua aplicação em um número maior de indivíduos, além de um estudo longitudinal para determinar a permanência desses déficits na recuperação dos pacientes a longo prazo.

Para Vanessa “a grande motivação desse trabalho é desenvolver uma maneira eficiente de avaliar a memória operacional desses pacientes para, em um segundo momento, estudar estratégias de reabilitação para favorecer a comunicação e reintegração social desses indivíduos”.  A importância da memória operacional é imensa. Essa habilidade cognitiva permite diversas tarefas simultâneas e sequenciais no nosso dia a dia, desde recordar um número de telefone até fazer a ligação ou o local onde está o carro no estacionamento. Além disso, está associado com tarefas linguísticas e de comunicação, entre elas a aquisição de novas palavras e a capacidade de fazer tradução simultânea.

Vanessa ainda dá dicas para estimular a memória no dia-dia: “Prestando atenção a detalhes das atividades, executando-as de uma forma diferente, menos automática e com exercícios mentais de memorização, resolução de problemas e raciocínio”. Além de citar que poucas horas de sono, falta de exercício físico e uma alimentação não balanceada também são fatores prejudiciais para manter a memória funcional.

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