ISSN 2359-5191

06/08/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 42 - Educação - Faculdade de Medicina
Pesquisa investiga habilidades que podem repercurtir em falhas de aprendizagem

A percepção de que muitas crianças possuem queixas escolares por problemas de leitura e escrita e que, na maioria dos casos, não possuem um transtorno real como dislexia ou alguma espécie de distúrbio de aprendizagem, deu ao fonoaudiólogo Aparecido José Couto Soares à ideia de investigar quais as habilidades que poderiam ser consideradas precursoras dessas situações. Passou a pesquisar buscando entender de que forma essas alterações são desenvolvidas e qual seria a influência delas no processo de aprendizagem infantil.

A pesquisa contou com a participação de 29 crianças do terceiro e 28 do quarto ano do ensino fundamental, com alunos que não sofrem de nenhum tipo de alteração ou queixa de dificuldade de aprendizagem. Soares realizou uma avaliação fonoaudiológica básica de linguagem oral e escrita para confirmar a não existência de alterações e, somente passado esse procedimento, foram selecionados os 57 envolvidos na pesquisa. A partir de testes de leitura, foram avaliadas consciência fonêmica, ligada a compreensão e relação entre a letra e o som que a mesma produz, e nomeação automática rápida, vinculada ao reconhecimento visual de palavras como um todo.

Ao estabelecer as informações de acordo com os testes, Soares procurava entender qual seria a relação que a nomeação automática rápida e a consciência fonêmica possuem com a leitura. “Decidi investigar a fundo qual seria essa relação e se ela mudaria conforme o avanço da criança nas séries escolares”, diz o pesquisador. Levou também em consideração a velocidade de leitura - palavras lidas por minuto, e sua acurácia, que seria a porcentagem de palavras lidas corretamente pelas crianças.

A escolha por usar alunos do segundo e terceiro ano se deu a partir da compreensão de  que são séries iniciais da alfabetização e do desenvolvimento da leitura. Porém, há diferenças importantes entre esses primeiros anos. “O segundo ano está exposto prioritariamente a noções mais básicas de alfabetização como o uso de letras biunívocas (letras que representam apenas um som como f, v, p, b), ao passo que o terceiro ano, além dessas, passa a ter maior contato com a arbitrariedade da ortografia da Língua, como, por exemplo, dígrafos (ch, lh) ou letras que representam mais se um som como o x”, afirma Soares.

A pesquisa demonstrou, a partir de seus resultados, a importância de se considerar como método de ensino, tanto pensando no desenvolvimento quanto na exatidão da leitura, as habilidades e conversão letra-som e som-letra.  Soares considera essa uma habilidade essencial para alfabetização, ressaltando que o alto número de crianças encaminhadas para consultas fonoaudiológicas com queixa de aprendizagem na verdade ainda não dominam as regras de leitura do idioma. Considera ainda um outro fator fundamental o cuidado do tipo de palavra a ser apresentada para crianças no início da alfabetização para que ela vá, paulatinamente se apropriando de estrutura silábicas mais complexas. Enquanto o que comumente ocorre é a exposição de todos os tipos de palavras ainda no início da alfabetização, muitas vezes deixa a criança confusa por não haver uma coerência de algumas explicações. “Por exemplo, ensina-se a criança a ‘família do s – sa, se, si, so, su, e, e em seguida pede-se que ela escreva casa. Que apesar do som de z, escreve-se com s, aquele mesmo que antes era o sa do sapo”.

Dessa forma, a pesquisa procura esclarecer essas dificuldades e buscar definir novos caminhos para o ensino da Língua Portuguesa. “Respeitando as características da língua e, mais importante ainda, o perfil de aquisição das crianças, de forma que elas não sejam rotuladas e possam aprender a ler e escrever de uma forma mais suave e estimuladora”, reflete o fonoaudiólogo.

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