A saliva pode ser utilizada para avaliar marcadores fisiológicos no treinamento esportivo. Ela monitora hormônios esteroides, cortisol e testosterona, imunoglobina salivar, marcadores imunológicos e peptídeos, segundo o livro Odontologia do esporte, lançado recentemente pelos professores Reinaldo Brito e Dias e Neide Pena e Coto, da Faculdade de Odontologia da USP (confira matéria publicada na AUN no dia 11 de junho).
Ela é uma boa alternativa por ser menos invasiva e mais útil se comparada a outros fluidos como soro, plasma e urina. A facilidade e rapidez da coleta não demandam equipe altamente especializada, e ela pode ser realizada no mesmo lugar da prática esportiva. Segundo o livro, “a utilização de amostras de sangue e urina dificulta a realização de coletas com maior frequência e, assim, compromete o monitoramento sistemático e regular das respostas e do comportamento desses esteroides em diferentes condições de treinamento e competição”.
Além disso, as medidas presentes na saliva refletem corretamente as presentes no sangue e podem até oferecer maior entendimento dos efeitos dos treinamentos, por ser um marcador do hormônio biologicamente ativo.
Monitorar os efeitos das cargas de treino sobre os atletas é extremante importante, uma vez que cada competição ou sessão de preparação física submete o atleta a estresse psicofisiológico, que implica numa reação homeostática com alterações metabólicas e fisiológicas.
A medição salivar dos hormônios contribui para a verificação de como a concentração de esteroides é modificada em resposta aos estresses do treinamento e da competição.
De acordo com o livro, o conhecimento de que a intensidade e os diferentes modos de treino influenciam em marcadores hormonais e na imunidade da mucosa oral e de sua ação sobre eles auxilia no melhoramento da organização de estratégias, periodização e distribuição do conteúdo desses treinos.
A saliva também é capaz de detectar o efeito do treinamento na função da imunidade da mucosa oral e auxiliar na avaliação do risco de infecções respiratórias. Essa medida se torna importante uma vez que esportistas com treinos muito pesados têm mais risco de contrair inflamações e infecções devido a diminuição da função do sistema imune.
O controle do estresse também ajuda na melhor qualidade de vida do atleta, que precisa estar bem com a saúde total, tanto física quanto psicológica. Isso também evita treinamentos exaustivos e permite que se trabalhe de maneira mais precisa.