A pesquisa de mestrado de Luiz Henrique Silva, da Faculdade de odontologia da USP, analisou a diferenciação de células-tronco da polpa dentária através da manipulação gênica, ativando e desativando alguns genes envolvidos na interação destas células com o meio em que se encontram. A finalidade da pesquisa era entender os mecanismos que ocorrem durante a diferenciação em diversos tipos celulares, como tecido ósseo e dentário e, assim, possibilitar a criação de novas biotecnologias e biomateriais que auxiliem o tratamento de doenças degenerativas, que alteram o funcionamento de células, tecidos ou órgãos.
As células-tronco possuem importante papel no crescimento e na recuperação do tecido. Elas podem ser divididas basicamente em célula-tronco embrionária, obtida durante determinado período embrionário, e célula-tronco adultas, virtualmente encontradas em todos os tecidos humanos adultos e seu comportamento durante a diferenciação “é ponto chave para as terapias regenerativas”, explica o autor da pesquisa. Virtualmente significa que a literatura médica demonstra sua presença em quase todos os tecidos do corpo humano, possivelmente atuando na estabilidade do organismo, a homeostase, e na reparação de tecidos ao longo da vida de um individuo, porém “elas ainda não foram, em sua totalidade, isoladas e tampouco caracterizadas”, complementa.
Atualmente existem diversos e crescentes procedimentos médico-hospitalares que visam à recuperação de traumas, acidentes e doenças degenerativas, que demandam desenvolvimento de pesquisas em bioengenharia tecidual. Essa especialidade reproduz, em célula, os processos biológicos da recuperação tecidual ou do crescimento e desenvolvimento do corpo, de forma idêntica. “A ideia principal é entender tais processos biológicos para mimetizá-los, criando novas biotecnologias”, explica. O trabalho de Luiz está inserido em um projeto que estuda justamente o desenvolvimento da bioengenharia do tecido.
O trabalho com células-tronco para reconstrução e regeneração de células, tecidos e órgãos tem crescido no Brasil e os estudos sobre o tema conseguem patrocínio de órgãos públicos e privados e amplo apoio do governo, como o Ministério da Saúde. Dentro da odontologia, a busca é por um substituto do dente ou de estruturas calcificadas. Os estudos na área apontam, inclusive que é possível desenvolver todos os tecidos dentários da mandíbula, e ainda a ligação periodontal.