Tratamentos promissores que vinculam a utilização de terapia celular com células-tronco e acupuntura foram testados para controlar o processo degenerativo da distrofia muscular de Duchenne (DMD) e apresentaram resultados positivos. “Apesar de apresentarem distrofia mais branda, inúmeras pesquisas com este animal [rato] são realizadas devido à alta reprodutibilidade de fenótipos, obtenção comercial de várias linhagens e baixo custo de manutenção”, relata o médico veterinário Greyson Zanatta Esper que tratou 22 ratos (modelos murinos) para a pesquisa, realizada na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP.
Para analisar os efeitos do tratamento, os animais foram separados em grupos. O primeiro recebeu células-tronco em acupontos falso, enquanto o segundo recebia uma solução fisiológica nos acupontos (tratamento denominado "aquapuntura placebo"). Já o terceiro recebeu células-tronco em acupontos verdadeiros, e o quarto ficou em observação de controle apenas, sem tratamento.
Nos membros tratados, houve melhora significativa de uma enzima importante para a regeneração dos tecidos, a creatinofosfoquinase. Além disso, a qualidade de regeneração muscular do músculo tibial cranial melhorou, principalmente no tratamento com células-tronco e acupontos verdadeiros. A quantidade de colágeno encontrada e a melhora na expressao da proteína distrofina também foram maiores nesse grupo.
A distrofia muscular é uma doença de origem genética, que enfraquece e, porteriormente, atrofia os músculos de maneira progressiva. Diferente das demais doenças motoras, qualquer esforço muscular que cause fadiga contribui para a degeneração do tecido muscular. “[A doença] ocorre de uma mutação genética que culmina na ausência ou diminuição da proteína distrofina”, explica. E essa proteína é essencial para o funcionamento da fisiologia muscular.
Atualmente, o tratamento preconizado é o uso de corticóide, que visa modular a inflamação muscular. Esse método, entretanto, possui uma série de efeitos colaterais, o que justifica a busca por novos procedimentos para tratar a doença.
A idealização das duas terapias utilizadas juntas veio de resultados também promissores de estudos de terapia celular com células-tronco, o que pode interferir no processo degenerativo, por conta de susbtâncias que atuam no sistema imunológico aumentando a resposta orgânica contra uma certa moléstia (imunomoduladores). Além disso, o fato de a acupuntura poder controlar o processo inflamatório de doenças degenerativas também contribuiu para que se apostasse no uso desses dois tratamentos na tentativa de diminuir o efeito degenerativo da DMD.