O metrô de São Paulo começou a ser implantado na década de oitenta. Juntamente com ele, um amplo sistema de sinalização foi criado, para ser usado nas estações de todas as linhas, de forma a criar um padrão de design a ser seguido ao longo das diversas expansões dos anos seguintes. Porem o que se viu foram diversas alterações na iconografia e padrão de cores, que acabaram fugindo ao estilo gráfico estipulado no manual criado em 1981, muitas vezes sem que as alterações melhorassem a compreensão dos usuários.
“A sinalização no Metrô de São Paulo foi um dos pioneiros e mais abrangentes sistemas de informação pública em transportes no Brasil”, disse a pesquisadora Olivia Pezzin, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. De acordo com ela, por outro lado, a identidade visual acabou mudando ao longo do crescimento das linhas e da circulação de pessoas “nos seus mais de trinta anos de existência, a imagem das estações foi fruto de diversas autorias e adaptações, distintas da proposta original e feitas durante sua implantação”.
A despadronização das estações está relacionada a diversos fatores, desde a criação de novas legislações (como a proibição de fumar em locais fechados, que obrigou o metrô a colar novas placas com moldes distintos, mesmo em locais que ja continham sinalização) até propostas de contenção de gastos.
“A gestão dos sistemas de sinalização do metrô é compartilhada em quatro departamentos: operação, projeto, manutenção e marketing”, explicou a Olivia. “Essa divisão acaba fortalecendo ainda mais a diluição do projeto inicial, estabelecido no manual criado em 1981”. Para ela, muitas das alterações poderiam ter sido evitadas, caso o projeto gráfico da sinalização fosse pensado sempre em unidade, independentemente das estações e linhas distintas.
Ao mesmo tempo a linguagem proposta pelos projetistas na década de 80 se mantem norteando as alterações implantadas atualmente pelos departamentos que cuidam da sinalização. O Metrô busca materiais e soluções estéticas que não fujam tanto ao padrão descrito no manual, mas que também respeitem a busca por valores mais acessíveis e pelo cumprimento de novas legislações que regulem a implantação de placas e sinais. “É interessante ressaltar que o Metrô, desde o início, realizou pesquisas com os usuários, para identificar suas tendências e expectativas”, disse a pesquisadora.
Desde 2011, tem sido implantado um projeto de redesign da sinalização do transporte metroviário, utilizando placas com sistemas luminosos e um novo sistema que indica as conexões de linhas e os locais de saída, sem o uso de legendas explicativas. “previa-se que o novo design fosse capaz de atender as demandas por informação velozes e melhorar o entendimento das conexões, tendo em vista previsão de expansão da malha metroviária, porem as soluções ficaram aquém da qualidade dos sistemas e conceitos criados no primeiro manual”, critica Olivia.