Cálculo feito com a análise das estrelas pobres em metais indicou que o universo seria mais jovem do que os cerca de 13,8 bilhões de anos propostos por estimativas de satélites. Com esse método, a estimativa apontou que o universo teria cerca de 12,5 bilhões de anos.
O projeto de pesquisa “As estrelas pobres em metais e seu papel no universo”, coordenado pela professora Silvia Rossi do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, busca entender a origem do universo estudando estrelas velhas que foram formadas a partir de um meio com pouco ferro e outros elementos pesados. A professora explica a nova estimativa da idade do universo: “conforme a gente foi encontrando estrelas pobres em metais, o universo, que era tido como muito velho, foi ficando um pouquinho mais novo”.
Segundo Silvia Rossi, após o big bang houve o encontro de radiação e matéria, levando à formação dos átomos, os quais formaram os elementos químicos mais simples, hidrogênio e hélio. Esses dois elementos dariam então origem a materiais mais complexos por meio de processos de fusão nas condições de elevadas temperaturas encontradas nos núcleos estelares. “Sempre se encontra, ao redor do núcleo, temperaturas adequadas à fusão de algum elemento químico”, diz Silvia, que também explica a relação entre a massa e o desenvolvimento das estrelas: “quanto maior a massa mais rápido a estrela evolui, porque ela atinge mais rapidamente as temperaturas centrais necessárias para as queimas de diferentes elementos qúimicos”.
As estrelas massivas como as da primeira geração têm final explosivo, fazendo com que os elementos presentes na estrela sejam jogados para o meio interestelar, o que possibilita o surgimento da segunda geração de estrelas, à qual pertencem as estrelas pobres em metais.
A segunda geração de estrelas, de acordo com a pesquisa, foi formada a partir do ambiente interestelar “poluído” pelos restos das explosões das primeiras estrelas. Desse modo, as estrelas pobres em metais se formaram em um ambiente que continha pouco ferro e outros metais pesados. A professora indica que a busca por estrelas pobres em metais é feita no Halo, a região mais externa da galáxia, onde há mais chances de se encontrar objetos velhos, com idade próxima à da galáxia.
Silvia Rossi comenta que uma das maneiras pelas quais é feita a identificação das estrelas pobres em metais é a espectroscopia, um método que fornece um gráfico da energia liberada pela estrela em função do comprimento de onda. “Cada metal apresenta transições que só ele faz, então é fácil definir qual é o metal a partir da observação do espectro”, explica a professora. Ela também destaca que todos os elementos químicos naturais presentes na tabela periódica têm origem no processo interno de fusão das estrelas.
O estudo das estrelas pobres em metais é um ramo da astronomia muito amplo, e por isso ainda há muito a ser pesquisado. Ela resume o projeto de pesquisa como uma ideia de volta às origens do universo. “Estudo as estrelas pobres em metais para entender o que aconteceu, como os elementos químicos evoluíram e como o homem acabou evoluindo, porque, afinal, somos feitos de estrelas”.