ISSN 2359-5191

03/09/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 51 - Sociedade - Escola de Educação Física e Esporte
Disciplinas que abordam deficiência melhoram formação do Educador Físico
O profissional deve estar preparado para as diferentes deficiências

Nos cursos para profissionais de educação física se destina um tempo específico para os diversos tipos de deficiência. Segundo o site A Deficiência, é possível portar uma ou múltiplas deficiências (associação de uma ou mais deficiências). Elas agrupam-se em quatro conjuntos distintos, sendo eles: deficiência visual, deficiência motora, deficiência mental, deficiência auditiva. Porém, é importante compreender o papel do profissional.

Maria Tereza Silveira Böhme, da Escola de Educação Física e Esporte da USP ressalta que o profissional de educação física não lida com a reabilitação de deficientes. Isso é papel do fisioterapeuta, dentre outras profissões específicas. O profissional pode trabalhar juntamente com a equipe de reabilitação, mas como o nome diz, sua função é trabalhar a educação física dos indivíduos, portadores ou não de deficiência. A professora comenta que o trabalho deles inclui tanto a parte lúdica quanto a parte formativa e esportiva competitiva.

Para ela, o bacharelado de Educação Física inclui uma boa formação em relação a atividade física para deficientes. No caso do bacharel em esporte competitivo, existe a modalidade para pessoas com deficiência. Na licenciatura trabalha-se a educação física adaptada, para lidar com jovens com deficiência. Isso é essencial frente à inclusão obrigatória, regulamentada em 1998. É devido a essa obrigatoriedade que todos os cursos ligados a educação física ou esporte são obrigados a ter dentro do seu conteúdo informações a respeito da pessoa com deficiência, dando um mínimo de capacitação para os profissionais.

Porém, a inclusão baseia-se simplesmente na capacitação do professor. As escolas em geral têm um grande número de alunos por classe e isso dificulta o processo. Para Böhme, o ideal seria um número menor de alunos por professor ou a presença de um auxiliar para que se pudesse dar uma atenção mais individualizada. Um bom exemplo é a existência de dois professores por sala nas primeiras séries das escolas da prefeitura de São Paulo. Porém, esse tipo de medida não é adotada com relação ao ensino da educação física porque ela não é considerada prioridade. Mostra disso é que do primeiro ao quarto ano a disciplina não exige a presença do profissional de educação física, podendo ser ministrada por um pedagogo.

Segundo a pesquisadora, os conhecimentos passados nas faculdades permitem que esses profissionais atendam de forma satisfatória aos alunos com necessidades especiais, principalmente os que se formaram a partir do ano 2000. Ela também aponta que a vocação do indivíduo colabora no processo, já que alguns se dão melhor com idosos e outros com crianças. Porém, a capacitação é essencial. Embora a formação mínima para profissionais que queiram lidar com deficiente seja é satisfatória, ela aponta que os cursos de especialização ainda têm um longo caminho a percorrer até que sejam considerados “bons”.

Tereza lembra que há alguns anos o aluno era dispensado da prática da atividade física por diversos motivos de saúde e comenta que se essas pessoas que outrora foram dispensadas poderiam ter tido contado com a atividade física regular orientada. Isso não quer dizer que praticassem necessariamente o esporte, mas as atividades como correr, brincar, saltar, cair de forma adequada, brincar no trepa-trepa, aprender a virar a virar cambalhota e pular corda, jogar uma bola, ou seja, coisas comuns. Isso lhes traria benefícios nos seus processos de reabilitação.

Ela conta que já esteve em contato com crianças com problemas motores cuja maior dificuldade era a falta de oportunidade. Dada a oportunidade da prática, é provável que no próprio desenvolvimento do indivíduo os problemas sejam minimizados, de forma que muitos nem precisem buscar uma clínica de reabilitação. É claro que muitos casos demandam atenção exclusiva, mas como a professora mesmo questiona, se pessoas sem deficiência podem ter atenção exclusiva de personal trainers, as pessoas com deficiência também podem. Ela complementa dizendo que se a atividade física faz bem para todos, e isso não é diferente para quem tem um problema físico. Aliás, as práticas podem servir para melhorar os problemas.

As formas de incluir

Dentre uma das possibilidades de praticar a inclusão esportiva, a professora dá o exemplo e uma criança cadeirante diante de uma partida de futebol. Uma das barreiras para a integração é que os outros alunos não jogam em cadeiras de rodas. Isso demanda uma vivência diferente da de jogador, de forma que a criança possa ser juiz do jogo, narrador ou ser bandeirinha com um auxiliar para buscar a bola.

Ela cita um caso de um aluno com seqüelas de paralisia cerebral cujo desejo era ser jornalista e locutor. Então ela sugeriu que quando houvesse jogos de futebol, ele pegasse um gravador e fizesse a locução dos jogos. Ele adorou a idéia. Assim, ele se interou das regras e começou a ter uma atividade nos jogos. Além disso, os outros alunos vinham procurá-lo para saber os resultados das partidas, de forma que sua socialização aumentou consideravelmente. Ele então começou a escrever em um blog da escola, e assim passou a ter mais amigos e ser mais respeitado. Esse foi um processo de inclusão extremamente saudável.

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