As recomendações para a prática de exercícios por mulheres grávidas diferem. Em geral, a atividade física é benéfica e as mulheres que já praticavam devem continuar, desde que se evitem as que envolvem risco e se adaptando a intensidade. Algumas posições também devem ser evitadas, como a posição supina.
Monica Yuri Takito, professora da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, aponta que pode haver algumas contra-indicações, como na ocorrência de sangramento persistente no segundo e terceiro trimestre. Nesse caso, a atividade física pode agravar o quadro — de forma que a recomendação seja de repouso. As diabéticas e as hipertensas devem fazer atividade física desde que as disfunções estejam controladas.
Algumas atividades que representam riscos, como uma queda ou uma bolada na barriga, também devem ser evitadas. A professora comenta que a mulher que pratica a atividade física possui uma consciência corporal razoável, de forma que ela possa perceber a necessidade de reduzir a intensidade do exercício.
Ela afirma que desde as primeiras semanas de gestação há alterações cardiovasculares, respiratórias e hormonais, mesmo que a mulher não perceba ou ainda não saiba da gestação. Essas alterações preparatórias do organismo são fundamentais para sustentar física e quimicamente o bebê. Por isso, a descoberta da gravidez não deve ser uma surpresa, e sim um fato planejado. O ideal é que a mulher entre em contato com o médico antes de engravidar, para que se possa fazer o pré-natal. O comum, porém, é que a procura seja feita após o início da gravidez, geralmente por volta da sétima semana. Em ambos os casos, o médico deve ser informado das modalidades que a mulher pratica.
Ela também aponta que as gestantes que passam muito tempo em pé tendem a ter bebês com peso inadequado (abaixo de três quilos). Essa postura ereta é ruim porque a circulação é diminuída quando se está parada. Para alguns autores, o ato de caminhar um pouco pode reduzir o problema, já que melhora a circulação — isso é fundamental para as mulheres cujas profissões demandam ficar em pé por muito tempo, como as professoras.
Para as sedentárias, a recomendação é começar devagar, com atividade leve, e aumentar gradualmente, já que o corpo sofre duas sobrecargas: a da gestação e da atividade física. Por isso, nesse período o objetivo não pode ser melhorar a aptidão física. Para a mulher ativa, parar ou reduzir drasticamente a atividade pode ser prejudicial, pois o organismo delas estava adaptado a um determinado gasto de energia e isso não deve mudar drasticamente.
A professora cita que o risco de prematuridade nas mulheres sedentárias é tão alto quanto em mulheres muito ativas — envolvendo os quatro domínios da atividade física: doméstica, ocupacional, lazer e de locomoção. Boa parte dos estudos que apontam os risco da atividade física excessiva estão relacionados às atividades domésticas e ocupacionais.
Ela também comenta que a prática, aliado à boa alimentação, previne o ganho de peso excessivo durante e após a gestação. O ganho ideal de peso varia: para as mulheres que tenham um peso baixo, o ganho pode ser considerável devido à necessidade de se estocar energia para a amamentação. Para as mulheres que já estão acima do peso, o ideal é o ganho de seis quilos, pois ela já possui o depósito de gordura.
Até o sexto mês após o parto, a alimentação do bebê deve ser exclusivamente baseada em leite materno. Isso é importante não só para a criança, mas também para que a própria mulher possa gastar a energia acumulada e voltar ao seu peso normal. A partir do momento em que se começa a complementação alimentar, a necessidade energética da mulher diminui, e ela então deixa de precisar de um depósito de gordura.
Takito comenta uma pesquisa em que um grupo recebia orientação para a atividade física e o outro não (grupo controle). Seis meses após o parto, muitas conseguiram voltar a um peso similar ao de antes da gravidez, mas elas voltaram a ganhar peso. Uma das possíveis explicações é que no decorrer da gestação e no pós parto a mulher sente mais fome (devido ao aumento da demanda de energia). Pensando em uma mulher que aumentou o consumo durante a gestação e na amamentação, ela mudou seu hábito alimentar por 15 meses, ou seja, por mais de um ano ela comeu mais do que o seu padrão de consumo. Quando ela para de amamentar, ela deixa de queimar a quantidade de energia que gastava, e nesse momento a atividade física tem papel fundamental, pois a mudança alimentar não é tão perceptível. É por isso que a professora recomenda a atividade física durante a gestação, pois é uma fase em que a mulher está mais apta a mudanças, sendo mais fácil mudar de hábitos.