As plantas da espécie Crotonechinocarpus produzem uma substância que apresentou dados promissores nos testes relacionados a atividade anti-HIV. A descoberta foi feita pela bióloga Natália Ravanelli Athayde em pesquisa para sua tese de mestrado Perfil químico e atividades biológicas de Croton echinocarpus e Croton vulnerarius no Laboratório de Fitoquímica do Instituto de Biociências (IB/USP).
O objetivo de Natália era analisar as substâncias químicas produzidas por plantas do gênero Croton, um grupo de vegetais com ampla distribuição no mundo, especialmente na América do Sul e reconhecido por mais de 1.300 espécies que são usadas como medicamento em comunidade tradicionais. No caso do trabalho, foram selecionados duas espécies, a Croton echinocarpus e a vulnerarius com enfoque em substâncias com potencial medicamentoso.
Os componentes químicos de ambas as espécie foram extraídos, identificados e isolados para a análise de suas propriedades bioativas (antioxidante, antimicrobiana e anti-HIV). Foi verificado que a C. echinocarpus possui entre seus principais componentes um alcaloide que apresentou grande potencial para auxiliar no tratamento da aids.
"Acredito que o tema é de grande importância, já que uma parte considerável dos medicamentos que existem atualmente são feitos com princípios ativos que foram descobertos primariamente em plantas", diz a cientista sobre a importância de sua pesquisa. O ácido salicílico, por exemplo, foi descoberto em salgueiros e hoje é o princípio ativo da Aspirina. Muitos tipos de plantas aindas não foram estudadas com este propósito. Em um país de grande biodiversidade como o Brasil, acredita-se que entre as milhares de substâncias ainda desconhecidas podem estar compostos com propriedades medicinais interessantes, especialmente para o tratamento de doenças ainda sem cura.