São Paulo (AUN - USP) - Médicos são conhecidos como profissionais céticos e que só reconhecem uma terapia quando esta tem respaldo científico. Essa imagem pode estar se alterando segundo o que indica a tese de Doutorado defendida por Kazusei Akiyama na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP): 52% dos médicos residentes no município de São Paulo são favoráveis à utilização de práticas não convencionais em medicina.
A chamada Medicina Complementar e Alternativa (MCA) é o conjunto de técnicas de diagnóstico, cuidados com a saúde, tratamentos e intervenções terapêuticas que, em sua maioria, não são regulamentadas e não fazem parte dos currículos de graduação de Medicina, mas cuja utilização vem crescendo nos países ocidentais.
Kazusei procurou identificar as atitudes e experiências sobre as MCA entre os médicos e constatou que a maioria (61%) acha que há influência positiva para o resultado terapêutico do paciente. Durante a pesquisa, com 537 profissionais de 82 especialidades diferentes, as modalidades de MCA que os entrevistados mais referiram conhecimento foram a acupuntura, homeopatia, terapias em grupo, dietas alternativas e massagem.Homeopatia e acupuntura são reconhecidas como especialidades médicas pelo Conselho Federal de Medicina, mas geralmente só aparecem como cursos de especialização na grade curricular de graduação em Medicina. Em contrapartida a pesquisa apontou como técnicas menos conhecidas e rejeitadas a cura espiritual e a hipnose.
A tese concluiu que 52% dos médicos ativos paulistanos aceitam que seus pacientes utilizem pelo menos um tipo terapia complementar ou alternativa. “Dessa porcentagem, somente 13% são provedores (eles mesmos prescrevem). O restante só aceita que seus pacientes usufruam dessas técnicas”, elucida o clínico.
Outro dado relevante é que a grande maioria (91%) concordou que é importante o médico ter algum conhecimento em MCA. Quanto ao treinamento, mais de 60% consideraram importante recebe-lo, inclusive na formação acadêmica.
Os motivos de os médicos aderirem à essas técnicas não foram estudados pela pesquisa, mas Kazusei tem uma teoria. “O paciente se interessou antes pelas terapias e acabou levando essa nova realidade ao consultório médico”.
Caso americano
Nos Estados Unidos, uma pesquisa recém divulgada apontou que 36% dos americanos recorrem a algum tipo de terapia alternativa e que apenas 26% desses entrevistados buscaram essa alternativa por indicação médica. Os motivos, para esses americanos, são os mais variados: confiança na eficiência desses métodos, descrença ou o alto custo dos tratamentos convencionais e simples curiosidade.