Nódulos na tireóide podem ser encontrados frequentemente na população. Entretanto, identificar se esses gânglios são benignos ou não exige, cada vez mais, que os médicos desenvolvam técnicas aperfeiçoadas para o reconhecimento, principalmente, dos nódulos danosos, os quais correspondem entre 5% a 15% do total. A tireóide exerce um papel importante no bom funcionamento de órgãos como coração, rins, fígado e cérebro. Além de também interferir no crescimento de crianças e regulação de atividades no corpo humano, em prol do equilíbrio do organismo.
O procedimento cirúrgico se mostra uma prática eficiente para detectar o seu caráter, porém é inviável aplicar em todos os pacientes, sobretudo porque os malignos se expressam na minoria dos casos. A investigação dos fatores potenciais de malignidade dos nódulos foi estudado pela endocrinologista Ana Paula Liberati, em pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da USP.
A pesquisadora ainda fornece indícios que potencializam o aparecimento desses gânglios: “Alguns parâmetros têm sido associados a um maior risco para a malignidade como: idade inferior a 20 anos ou superior a 70 anos; pertencer ao sexo masculino, exposição prévia à radiação e histórico familiar de carcinoma de tireóide”. A análise de diversas características de um grupo de pacientes que possuíam tais nódulos, nos âmbitos laboratoriais, citológicos – ou seja, relacionado ao funcionamento da célula –, além de exames clínicos e feitos com ultrassom, que puderam auxiliar na conquista de resultados concretos para o objetivo do trabalho.
No estudo retrospectivo, foram examinados 353 pacientes – com 392 nódulos no total – atendidos na Disciplina de Endocrinologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. Apesar da consideração de alguns elementos durante a pesquisa, Ana Paula afirma: “Propusemos uma associação entre a classificação citológica e ultrassonográfica, e avaliamos se esta combinação poderia auxiliar para diferenciar os nódulos benignos e malignos”.
Desse modo, os resultados expressaram conclusões inéditas para a área, principalmente porque não houve relação entre sexo e idade como intensificadores de probabilidade de gânglios danosos. No entanto, “a análise combinada das características ultrassonográficas aumenta o número de nódulos classificados como benignos, diminuindo em 9% o número de cirurgias”, complementa Ana Paula.
A especialista acredita na relevância desse dado, em especial, pelos procedimentos cirúrgicos exclusivos para a identificação do caráter dos nódulos tireoidianos causarem consequências, como lesões nos nervos e nos vasos sanguíneos. Assim, a aplicação prática da pesquisa seria para indicar a cirurgia mais precisamente aos pacientes com maior chance de malignidade.