Considerada um tema complexo e abstrato por estudantes do ensino médio e superior, a física quântica deveria ser responsável por interligar as áreas da física no ensino médio, de acordo com o professor Osvaldo Canato. Em sua tese de doutorado no Instituto de Física (IF) da Universidade de São Paulo (USP), Canato defendeu a introdução do ensino em rede como solução para o currículo compartimentado que vem sendo seguido há décadas por professores. “A discussão de que o ensino de física deveria ser visto como uma rede já era uma discussão válida. Hoje em dia, com a sociedade como um todo em rede, ainda mais”, afirmou.

A física quântica, segundo Canato, é a área da física mais indicada para conectar os variados conhecimentos da área, devido à sua presença no cotidiano dos alunos. “Em uma pesquisa, você vai achar misticismo quântico, cura quântica, emagrecimento quântico. Um reflexo de que ela está presente no cotidiano, assim como está presente nos artefatos, como o celular, o laserpoint, a microeletrônica”, disse.

Canato é professor de física no Instituto Federal de São Paulo (IFSP), onde atua com a formação de professores e coordena os projetos de educação à distãncia, após 23 anos de experiência no magistério em escolas particulares e públicas. Experiência que, de acordo com o professor, contribuiu para sua pesquisa. “Trabalhando com a licenciatura do IFSP, ampliou-se a ideia de não apenas introduzir a física moderna no ensino médio, mas estudar como ela é trabalhada no ensino médio e no superior”, explicou. Segundo o professor, a deficiência na formação de professores de física capacitados é o principal razão para o conservadorismo em relação ao conteúdo abordado. Atualmente, apenas 19,2% dos professores de física possuem formação na disciplina, de acordo com o Censo Escolar de 2013.

Em sua tese, Osvaldo Canato detalha sua experiência na formação de professores no IFSP, durante a orientação dos estágios, quando pedia ao aluno a inserção da física quântica no currículo principal. “O que que é mais fácil para o aluno: falar de ponto material e corpos extensos, ou começar a discutir como funciona o celular, ou como a luz acende na rua de acordo com o horário?”, questionou, “Devido a todo esse contexto social e tecnológico, a física quântica cumpre um papel privilegiado de fazer essas redes”.

Apesar de admitir o receio inicial dos futuros professores, Canato afirmou que o retorno dos alunos foi positivo, tanto em sua experiência como professor no ensino médio, como dos alunos que participaram de suas oficinas de ensino na licenciatura. “Ao longo do processo, o retorno que eles deram desse curso foi interessante. Pelos relatos que recebi, pode-se dizer que a ideia é boa. Tudo depende de como o tema é colocado. Não faz sentido falar de físiqua quãntica a partir das f´rmulas, mas levando para o concreto semrpe foi bem recebida”.