ISSN 2359-5191

11/04/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 03 - Sociedade - Museu de Arqueologia e Etnologia
Núcleo de etnoarqueologia do MAE estuda tribo Xerente

São Paulo (AUN - USP) - Com o objetivo de construir a história da comunidade e criar um modelo de ocupação humana para uso científico, O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE/USP) está desenvolvendo uma pesquisa etnoarqueológica com os índios xerentes do estado do Tocantins. Para isso, os pesquisadores combinam escavações de aldeias antigas e documentação das aldeias atuais.

A pesquisa é subprograma de um projeto de resgate arqueológico no médio vale do Rio Tocantins, que será impactado com a construção da Usina Hidrelétrica Luis Eduardo Magalhães. Em 1998, um contrato entre a Investco S/A, empresa responsável pelo empreendimento, e o MAE/USP regulamentou os termos da pesquisa, que se estenderá até 2002, financiada pela construtora e coordenada pelos professores Paulo de Blasis e Érika M. Robrahn–González.

O eixo de implantação da barragem, mais especificamente a área a ser alagada pela obra, foi o ponto de partida. As áreas vizinhas, porém, também estão sendo trabalhadas com o intuito de explicar as ocupações indígenas locais, ao invés de apenas descrevê-las. Já foram descobertos 230 sítios (de pedra lascada, cerâmicos e de arte rupestre) e recolhidas mais de cinco mil peças. Esta área do Brasil era, até então, desconhecida para a arqueologia e revelou sítios de até 13 mil anos de idade.

O subprograma de etnoarqueologia vem se desenvolvendo, desde 1999, na Reserva Indígena Xerente próxima ao rio, como trabalho de mestrado de Flávia Prado Moi e com orientação da professora Érika M. Robrahn–González. Das 33 aldeias da Reserva, duas foram escolhidas para o trabalho: a primeira, próxima à estrada, tem bastante contato com o homem branco; a segunda, mais isolada, ainda mantém grande número de tradições ancestrais.

Os objetivos do trabalho foram explicados aos membros de ambas as aldeias. Segundo Érika González, “os índios têm contribuído muito com o processo, fornecendo depoimentos, memórias e a localização de algumas aldeias antigas, onde viviam antes da vinda para a Reserva”.

A partir daí, iniciaram-se as escavações das ex-aldeias para a obtenção de vestígios de ancestrais xerentes. Com o material e as observações feitas na aldeia atual, é possível estabelecer uma ponte entre as duas coisas, ou seja, “o pesquisador procura olhar para a estrutura social e política da aldeia, e entender quais vestígios materiais essa estrutura pode deixar”, diz a professora. Assim, cria-se um modelo de ocupação humana, que poderá ser aplicado a qualquer outra aldeia ou época em qualquer lugar no mundo. O arqueólogo que achar vestígios de uma civilização poderá usar o modelo, se este tiver alguma semelhança com o seu caso, para elaborar hipóteses sobre o significado destes restos na organização da tribo extinta.

Com publicação prevista para 2003, o relatório final da pesquisa deve conter dois modelos de ocupação, um para cada aldeia estudada, e será doado aos índios. Atualmente, eles recebem relatórios parciais e são documentados em exposições fotográficas na própria aldeia.

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