ISSN 2359-5191

22/09/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 64 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Sistema de alerta inova na prevenção de acidentes de trânsito
A ativação dos estímulos auditivo e háptico é feita por meio de sensores posicionados ao redor do veículo, que identificam a aproximação de objetos em rota de colisão. Fonte: Reprodução.

Sistemas de alerta anticolisão em veículos não são novidade. Diversas marcas de automóveis já oferecem avançados dispositivos de segurança, como sensores que alertam para o risco de colisão traseira. No entanto, um estudo desenvolvido pelo pesquisador e engenheiro elétrico Eduardo Bertoldi, no Laboratório de Tecnologia de Software do Departamento de Computação e Sistemas Digitais da Poli (USP), tem uma proposta diferente.

“O objetivo do sistema é evitar colisões laterais com outros veículos”, explica Bertoldi. É o conhecido caso do “ponto-cego”, zona do carro sobre a qual o espelho retrovisor não provê informações suficientes. Outra novidade proposta no estudo está nos estímulos utilizados, pois até hoje não há aplicações do uso combinado de alertas sonoros com alertas hápticos. A vantagem, defende o pesquisador, é que neste caso a concentração do motorista é pouco prejudicada. “Devido à grande sobrecarga visual do motorista durante o ato da direção, os alertas visuais se mostram muitas vezes problemáticos, pois podem tirar a atenção”.

O sistema, portanto, é composto por duas etapas distintas. A primeira é a “ativação”, ou seja, a identificação da situação de risco, que é feita por meio de sensores (como os de estacionamento), posicionados ao redor do veículo. Estes sensores conseguem identificar automóveis que estejam a até 20 metros de distância e em rota de colisão. Já a segunda etapa consiste no “alerta”, em que os estímulos internos levam o motorista a reagir da forma mais rápida e eficiente possível. Os elementos vibratórios localizam-se no assento do motorista, próximo aos joelhos, e simulam o vibrar de um aparelho celular, com intensidades adequadas a cada situação. Já os autofalantes para alerta sonoro são posicionados também no assento do condutor, mas próximo ao encosto de cabeça, dos lados direito e esquerdo.

O estímulo sonoro desenvolvido na pesquisa possui algumas características particulares. É um som em frequência alta (agudo), como um “bip” produzido por dispositivos eletrônicos. Além de apresentar diferentes intensidades, dependendo do nível de urgência da situação, ele também tem um efeito “tridimensional”. Assim, o motorista consegue identificar a direção de onde vem o som (direita/esquerda) e tomar uma decisão mais rapidamente.

Para testar a eficiência do modelo, um ambiente de simulação foi elaborado: como em um jogo, o simulador incluía elementos como pedais, tela e volante, além do próprio sistema, composto por um assento equipado com alertas vibratórios e caixas de som. Ao todo, foram realizados 35 testes (com e sem alertas, para efeitos de comparação), que contaram com a participação de 23 voluntários. Os resultados mostraram que, com os estímulos, 83% reagiram à iminência de batida, contra 75% de reações sem o uso do equipamento. Além disso, o tempo de reação do motorista, em caso de possível colisão lateral, foi reduzido em até 1/6 de segundo (150 milésimos de segundo), que corresponde a cerca de 3 metros em um carro movendo-se a 60 km/h. O tempo ganho, portanto, é significativo e suficiente para evitar um acidente.

Simulador desenvolvido para testes com voluntários. O jogo eletrônico permitiu o monitoramento do tempo de reação dos condutores em situações de emergência, com e sem os estímulos. Fonte: Reprodução/Eduardo Bertoldi
Simulador desenvolvido para testes com voluntários. O jogo eletrônico permitiu o monitoramento do tempo de reação dos condutores em situações de emergência, com e sem os estímulos. Fonte: Reprodução/Eduardo Bertoldi

Segundo Bertoldi, o próximo passo agora é instalar o sistema em um veículo real e realizar testes de campo. Porém, mais pesquisas acerca de custos de produção, viabilidade de implantação e aceitação dos dispositivos por parte dos motoristas ainda precisam ser realizadas. “Trata-se de regular adequadamente os alertas, de forma que por um lado não provoquem incomodo, e por outro sejam suficientemente eficazes”.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br