ISSN 2359-5191

26/09/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 66 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Programa avalia impacto de tecnologia assistiva sobre estudantes surdos
Proposta busca determinar o que estudantes surdos sentem após o uso de uma tecnologia e promete ser nova forma de testar a aceitação de aplicativos
A proposta procura avaliar o impacto emocional de uma tecnologia em um estudante surdo Foto: Marcelo Soares

Não é de hoje que diversas pesquisas acadêmicas se voltam para o estudo sobre como melhorar a educação dos surdos ou deficientes auditivos (S/DA). Muitos desses estudos, prevêem  a inserção de novas tecnologias nas salas de aulas, que teriam a função de auxiliar no aprendizado do estudante. Mas antes de inseri-las é preciso avaliar a aceitação que elas têm no meio estudantil. Esse foi o tema abordado pela pesquisadora Soraia Prietch, em sua tese de doutorado, defendida na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EP-USP).

O objetivo inicial da pesquisa era o de propor uma solução mediada por tecnologia para auxiliar a minimização das barreiras educacionais vivenciadas pelos estudantes surdos em escolas regulares inclusivas. Para isso, seu primeiro passo foi pesquisar quais eram as principais dificuldades enfrentadas pelos estudantes. Elas foram identificadas através de revisão de literatura especializada, observação e visitas às escolas, cursos profissionalizantes, escolas especializadas em educação de surdos e secretarias de educação, além de entrevistas com estudantes S/DA e intérpretes. No final de levantamento, a pesquisadora listou 22 barreiras, que foram divididas em quatro grupos: falta de recursos adequados no processo de ensino-aprendizagem nas etapas reguladoras, ambiente escolar inadequado, dificuldade com a língua oral-escrita e avaliação inadequada. O interesse principal foi na transição entre ensino fundamental e ensino médio, visto que percebeu-se , como consequência das dificuldades, uma queda no número de matrícula dos estudantes surdos ou com deficiência auditiva entre uma etapa de ensino e outra. “A evasão chamou nossa atenção, e devido a isso, a investigação sobre as potenciais barreiras educacionais foi realizada”, concluiu Soraia.


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No entanto, no decorrer da pesquisa foi evidenciada a necessidade de avaliar a aceitação de tecnologias, que precede qualquer intenção de implementar uma nova tecnologia. Neste sentido, a pesquisa foi redirecionada para um novo objetivo que era o de propor um novo modelo que media o grau de aceitação de novas tecnologias pelos estudantes surdos e deficientes auditivos. Para isso, Soraia propôs o modelo de aceitação de tecnologia no contexto da educação inclusiva  (TAM4IE - Technologia Acceptance Model for Inclusive Education).

Basicamente, os modelos de aceitação são usados para descobrir como os potenciais usuários de sistemas tomam suas decisões por usá-los ou não. Dentro desse modelo se encontra o programa Emotion-LIBRAs, que é um questionário digital para uso em computador desktop com o objetivo de calcular informações sobre as emoções sentidas pelo participante após interagir com alguma tecnologia. Após responder o questionário, o programa informa quais foram as emoções sentidas pelo usuário, que podem ser de satisfação, frustração ou surpresa.



Para poder avaliar o modelo de aceitação, a pesquisadora usou o protótipo de um aplicativo criado por ela chamado SESSAI (Suporte aos Estudantes Surdos em Sala de Aula Inclusiva) que funciona como uma alternativa de comunicação para estudantes surdos utilizarem em salas de aula inclusivas. Como resultado, o modelo verificou a aceitação do aplicativo pelos estudantes S/DA e a consequente validação do TAM4IE. A pesquisadora ainda explicou a importância do modelo criado: “Avaliar se uma tecnologia não é aceita em fase de protótipo é mais interessante por que esse resultado pode auxiliar na melhoria ou descontinuidade de desenvolvimento. Ao passo que, ao avaliar um produto finalizado, se não for aceito, haverá um grande dispêndio de tempo, esforço e dinheiro.”


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