ISSN 2359-5191

01/10/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 67 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Estudo descarta prescrição preventiva de antibióticos para diabéticos
Medicação é necessária quando casos são mais complexos, não como prevenção padrão
Estudo clínico questiona a prescrição de antibióticos para procedimentos de extração simples

Quando um paciente diabético procura atendimento odontológico, é natural que seja dada uma atenção especial ao seu caso e à sua recuperação. Entretanto, muitas vezes esses cuidados não possuem fundamento científico e são baseados em uma cultura de costumes entre os cirurgiões-dentistas. Uma destas condutas é a de prescrever antibióticos após procedimentos triviais, como a extração de um dente permanente, ou seja, uma exodontia simples, por conta de cárie extensa ou alguma doença periodental, como são as de gengiva.

Sabe-se que o uso de antibióticos deve ser realizado com bastante prudência, tendo-se em consideração a resistência bacteriana e a consequente seleção de superbactérias a partir disso. Outro fator fundamental tratando-se de hiperglicêmicos, é a própria influência da medicação nos níveis de glicemia e a interação com as drogas que o paciente ingere para controle de sua doença, como a insulina.

Karin Sá Fernandes, pesquisadora da FOUSP (Faculdade de Odontologia da USP), dedicou sua tese de doutorado a testes clínicos para verificar a necessidade da prescrição de antibióticos como profilaxia para pacientes com diabetes tipo 2, a mais comum. O objetivo era avaliar a cicatrização e o aparecimento de alguma complicação após fazer uma extração simples.

Para isso, comparou o processo de reparação pós-exodôntica entre dois grupos, um formado por 59 indivíduos com diabetes tipo 2 e outro com 29 pessoas que não apresentavam a doença. Problemas imunológicos e uso de drogas são alguns exemplos dos critérios de exclusão, utilizados para garantir uma análise que minimiza as chances de interferências.

Após a realização da extração dentária, todos os pacientes passaram por quatro avaliações clínicas. Karin explica o que se espera, normalmente: “Em até três dias, forma-se um coágulo. Em sete dias, um tecido de granulação. Em vinte e um dias tem que estar epitalizado. Em sessenta dias o osso tem que estar reparado”.

Dos seus pacientes que possuem diabetes, nove (17%) apresentaram um atraso na fase de epitelização, em comparação ao grupo “saudável”. No entanto, essa complicação não foi significante visto que ao atingir os sessenta dias, o processo de cicatrização havia sido concluído com sucesso, não alterando na reparação final do alvéolo (a cavidade que deixa de existir depois de uma exodontia).

 

O estudo sugere que a prescrição de antibióticos, antes da realização de extrações simples, com o objetivo de prevenir uma infecção na boca, não é necessária e nem deve ser indicada baseando-se no fato do indivíduo ter diabetes tipo 2. A maioria dos casos estava, inclusive, descompensado, ou seja, com níveis de glicemia acima do normal. O que pode não ser um problema ligado somente à doença, mas também à própria complicação oral (inflamações dentais, por exemplo, podem descompensar um diabético).

Os resultados são bastante úteis no sentido de diminuir a profilaxia com antibióticos, quando praticada apenas por hábito pelos cirurgiões-dentistas. A prescrição desse tipo de medicação deve ter bases sólidas e científicas, deve seguir as recomendações usuais, aplicáveis para todas as pessoas. Do contrário, pode não ser efetiva ou mesmo, prejudicar os pacientes.

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