ISSN 2359-5191

24/10/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 75 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Adiantamento da puberdade em gado aponta melhoria na produção de corte
Novo método de indução de maturidade sexual em bovinos surge em pesquisa da FMVZ-USP

A maior parte dos bovinos utilizados na produção de corte no Brasil são da raça Nelore, como esta tem maturação sexual tardia, a pesquisadora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, Marina Vieira de Carvalho, descobriu uma nova forma de produzir a substância responsável pela puberdade dos bovinos.

Sob o ponto de vista da produção, quanto mais cedo nascer o primeiro parto de uma fêmea, mais cedo ela estaria garantindo um retorno de capital ao produtor. No Brasil, a maioria da produção de corte ainda é feita de forma extensiva, ou seja, com os animais livres se alimentando de pasto. Embora conte com vários pontos positivos, a produção extensiva deixa os animais à mercê da seca e da eventual falta de nutrientes providos pelo ambiente.

Em condições naturais, a maturidade sexual das fêmeas bovinas pode demorar até três anos, este evento está muito atrelado as condições nutricionais que o animal apresenta. Ao atingir um bom nível de crescimento e nutrição, o corpo do animal sintetiza a leptina, substância responsável pela puberdade que vem a acontecer.

No entanto, a indução da puberdade precoce ainda não é totalmente aceita, não se tem informações precisas se o bezerro de primeiro parto de uma mãe tão jovem será criado em um nível aceitável de saúde e cuidado. Há também a possibilidade de que tal indução cause alterações problemáticas no período do cio destes animais, prejudicando os próximos partos que aquele animal viria a ter. 

Entre as leveduras e as bactérias E. coli

A sintetização artificial da leptina já é feita através das bactérias E. coli, no entanto, a pesquisa mostra que as leveduras são seres muito mais aptos para sintetização da leptina nos moldes desejados. Por serem eucariotos (ao contrário das bactérias, que são seres procariotos), as leveduras possuem uma organização celular mais próxima da encontrada em mamíferos, assim podendo produzir proteínas também mais semelhantes.

Nas leveduras, é possível direcionar que as proteínas sintetizadas sejam excretadas ao invés de utilizadas pela célula, também é garantida a maturação proteolítica e a glicosilação, processos comuns de células eucariontes, no momento posterior a sintetização da leptina. A secreção bacteriana da leptina se dá através de corpos de inclusão, nas leveduras a secreção é feita diretamente no meio de cultura, facilitando a separação posterior.

A pesquisa demonstrada está em suas fases iniciais, o processo de sintetização da leptina em leveduras precisa ser muito otimizado para que se torne viável. Após a viabilização também haverá que se comprovar suas vantagens sobre a produção já consolidada utilizando E. coli.

Alguns fatores ainda não explicados são a ocorrência de alta dimerização nas moléculas de leptina produzidas pelo novo método, não se sabe que alterações de comportamento biológico isso poderá trazer. Há também dois promotores de genes disponíveis (GAPDH e AOX1), ambos com pontos positivos e negativos, dos quais ainda não se definiu qual será utilizado na produção.

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