Mesmo sendo espécies bastante diferentes, cães e humanos apresentam quadros comparáveis em estudo de tumores mamários. O pesquisador Luiz Roberto Biondi da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP estudou a neoplasia em cães a procura de biomarcadores que auxiliem o estudo da doença em mulheres.
O estudo documentou o processo de surgimento e crescimentos dos tumores, indicando que a metilação (substituição de um átomo de hidrogênio por um grupo metil na molécula orgânica) não é um processo exclusivo a tumores malignos. O padrão hipometilado, favorecedor do crescimento do tumor, se torna um sinal de malignidade. O quadro clínico e patológico se tornou o principal fator de definição da doença, a velocidade de crescimento, o grau de invasão tecidual e principalmente a capacidade de metástase são fatores de malignidade que se repetem em ambas as espécies.
Os biomarcadores descobertos são cruciais para a evolução do estudo de câncer em mulheres, porque permitiram melhor compreensão da evolução da doença, que permite o estudo de métodos preventivos e de combate à patologia.
Os cães foram escolhidos para este estudo não por sua proximidade biológica, mas por dividirem ambiente com as pessoas. Tendo um animal com a mesma exposição sendo estudado permite relacionar os fatores ambientais no desenvolvimento de tumores de mama. O pequeno porte destes animais e seu rápido envelhecimento são pontos positivos para a realização dos estudos clínicos.
Algumas características, no entanto, diferenciam muito os quadros, como o surgimento de múltiplos tumores em cadelas e os marcadores de receptores de estrógeno em mulheres. Outro fator é o protooncogene HER2 em mulheres, único para nossa espécie, que levanta questionamentos sobre a eficácia no uso dos cães como animais para estudo comparativos.