A comunicação entre o paciente e o cirurgião dentista é fundamental para que qualquer atendimento seja efetivo. Como os dois envolvidos possuem perspectivas diferentes sobre o sucesso de um tratamento, é normal que alguma das partes não se sinta satisfeita com o resultado final. Procurando alternativas para esse problema, Jéssika Barcellos Giuriato realizou seu mestrado na Faculdade de Odontologia da USP.
A pesquisa “Estética em odontologia: percepções de acadêmicos de odontologia e pacientes” buscou as diferenças conceituais entre aqueles que buscam tratamento nas clínicas de atendimento da FO e os alunos que prestam o serviço. Para evitar qualquer tipo de enviesamento, Jéssika evitou as especialidades e aplicou questionários na clínica integrada, que apresenta casos diversos entre si, não possuem um procedimento padrão.
Fatores influenciadores como idade, grau de escolaridade, gênero e perfil socioeconômico foram considerados na hora de apresentar os resultados da pesquisa. O método utilizado consistiu na aplicação de dois questionários aos pacientes e aos alunos. Um deles avaliando a estética facial e o outro, a estética bucal. O primeiro não apresentou grande discordância, ao contrário do segundo. Enquanto acadêmicos acreditavam que todos os aspectos colocados eram de máxima importância para a beleza da boca, os pacientes não se importavam com todas as particularidades. Se, por exemplo, os dentes são maiores do que o padrão, mas continuam harmônicos com o sorriso, a dimensão deixa de ser um problema.
Avaliando as respostas e comparando os fatores influenciadores, Jéssika concluiu que o gênero é um dos poucos que não interfere nos resultados. Ao contrário do que se acredita, mulheres não se importam mais com estética do que homens, a preocupação é bastante semelhante. O perfil socioeconômico, por outro lado, foi determinante. Quanto mais carente era o paciente, menor sua preocupação com a estética bucal. O mesmo se deu com a idade, os mais jovens valorizaram mais a beleza da boca do que os mais velhos.
A pesquisa busca, com esses resultados, aproximar os pacientes dos seus dentistas. Caso um questionário semelhante fosse feito antes mesmo do agendamento de uma consulta, o profissional saberia mais sobre o atendimento que estaria prestes a fazer. Quais são as ambições daquele paciente e quais são suas expectativas. Jéssika afirma: “Tratar uma doença, uma coisa pontual, é mais fácil. Satisfazer o desejo de alguém, é mais difícil. O dentista tem que lidar com a expectativa de uma pessoa que ele sequer conhece, e com tem uma relação limitada”. Nesse sentido, a comunicação favorece ambos os lados e facilita o tratamento.