ISSN 2359-5191

06/11/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 80 - Saúde - Faculdade de Medicina
Hospital das Clínicas é alvo de estudo sobre eventos adversos que ocorrem em sua UTI
O termo "evento adverso" foi oficializado pela Organização Mundial da Saúde em 2009.

Eventos adversos são definidos como complicações que ocorrem no decorrer da internação do paciente, que não necessariamente são derivadas de sua doença original. Essas complicações geralmente são decorrentes de uma cadeia de acontecimentos, que acabam resultando tanto em erros de medicações, falhas em procedimentos e infecções, entre outras ocorrências. O médico Lucas Santos Zambon realizou um estudo sobre a ocorrência de eventos adversos no Hospital das Clínicas, e o que vem sendo feito para que os números desses eventos diminuam.

Em sua análise de três meses na Unidade de Terapia Intensiva do HC, cerca de 20% dos pacientes sofreram um evento adverso grave - com risco de morte, e 10% morreram em decorrência de um desses eventos. Isso ocorre principalmente devido à complexidade dos pacientes atendidos pelo Hospital das Clínicas. “Dentro do SUS, o HC é considerado terciário, ou seja, está no topo da pirâmide de complexidade. Os casos mais graves e mais complexos estão aqui, e são os que sofrem mais intervenção, então o risco é gigantesco.”, afirma Zambon.  Isso porque, quanto maior a complexidade do paciente, mais intervenções ele sofrerá até atingir a cura, e mais chances ele tem de alguma dessas intervenções resultar em um evento adverso.

Existem alguns tipos diferentes de eventos adversos, sendo que os que possuem maior ocorrência no Hospital das Clínicas, assim como no resto do país e do mundo, são os relacionados a procedimentos, infecções e medicação. “No caso dos medicamentos, por exemplo, o risco é muito grande porque para uma dose, por exemplo, de um analgésico simples chegar ao paciente no hospital, existem mais de 70 etapas, desde o momento em que o médico prescreve até ele chegar na boca ou na veia do paciente. Então são 70 oportunidades de algo dar errado, isso para um item de medicação. Nós pegamos pacientes com 10, 20 itens na prescrição”, relata o médico.

Em 2013, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, publicou uma RDC - Resolução da Diretoria Colegiada - obrigando os hospitais a criarem programas de segurança do paciente, para evitar esses tipos de eventos adversos. Esse contexto ainda é muito recente no Brasil, mas essa política tende a ser bastante ampliada nos próximos anos. “O próprio HC entrou agora em um processo de acreditação hospitalar, que é exatamente para melhorar a qualidade do Hospital.  Ele entrou dentro dessas metas da Anvisa de melhoria, e os números de eventos adversos ao longo do tempo estão sendo trabalhados para serem melhorados”, alega o pesquisador.

Como um dos principais pressupostos para a ocorrência de eventos adversos são os recursos, os hospitais públicos estão mais sujeitos a essas ocorrências. No HC, por exemplo, a sobrecarga de trabalho no grupo de enfermagem foi o principal fator de risco para ocorrência desses eventos nos pacientes de UTI. “Essa conclusão tirei de forma objetiva, porque apliquei uma escala de trabalho de enfermagem em UTI para quantificar isso. Para os enfermeiros lá estarem adequados, é necessário de 30% a 40% a mais de volume de enfermagem para as condições de trabalho, para dizer que não existe sobrecarga. Dentro da jornada de trabalho, o volume de funções está muito acima do que se espera que eles dêem conta”, afirma Zambon.

Embora pelo perfil do HC ele ainda tenha um contexto de alto risco, hoje em dia todo hospital que volta o olhar para essa realidade e começa a criar formas de minimizar esses eventos,  têm conseguido resultados positivos. Essa preocupação teve início no setor privado, por uma questão de mercado, mas o setor público também se engajou, e hoje há, o tempo todo, tentativas de se instalar políticas e treinamentos para que as ocorrências de eventos adversos diminuam.

 

 

 

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