ISSN 2359-5191

07/11/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 81 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Pais também influenciam comportamento alimentar de risco em adolescentes
Além do padrão de beleza divulgado pela mídia, influência dos pais aumenta insatisfação do jovem com próprio corpo e busca por práticas não saudáveis para controle de peso
Getty Images

Alguns comportamentos incentivados pela mídia, profissionais de saúde e principalmente pelos pais, podem levar a práticas inadequadas de controle do peso e aumentar a chance de desenvolvimento de transtornos alimentares. É o que mostra uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da USP, feita pela nutricionista Greisse Viero com mais de 1000 adolescentes de escolas do município de São Paulo. O estudo revela que 31,9% dos adolescentes consultados utilizam práticas não saudáveis para controlar o peso. Entre elas está pular refeições, usar remédios, substitutos de refeições, e fazer dietas que restringem alimentos.

Muitos jovens são fortemente incentivados pelos pais a praticar dietas para redução de peso. Esse fator, associado a críticas e brincadeiras de familiares faz com que os adolescentes procurem soluções rápidas para se adequar ao padrão de corpo valorizado: magro, para as meninas e forte, para os meninos. Uma das soluções mais usadas é a dieta restritiva, que, de acordo com a pesquisa, aumenta as chances de desenvolvimento de transtornos alimentares graves como anorexia e bulimia.

Greisse sugere que os pais e profissionais da saúde mudem a forma de abordar o controle de peso, incentivando uma alimentação balanceada que contenha todos os tipos de alimento, mesmo os que são fonte de açúcares, gorduras e sódio (em pequenas quantidades). Deve-se também incentivar a prática de atividades físicas feitas por prazer, não por obrigação.

O mais importante, no entanto, é promover a satisfação corporal, mostrando ao adolescente a existência de diversos tipos de corpos e a impossibilidade de padronizá-los. Greisse lembra que “se a insatisfação com a imagem corporal do adolescente fosse tratada pelos pais e profissionais da saúde como algo inerente a eles e que vai passar após a puberdade, geraria menos preocupação no adolescente e menos estímulo a busca por soluções rápidas e perigosas para controle do peso.”

A mídia também faz parte dos fatores que influenciam a insatisfação do adolescente com o própria aparência. Ela “dissemina imagens de corpos muitas vezes irreais e incentiva a prática indiscriminada de dietas, fazendo parecer ser fácil chegar ao corpo do modelo da revista”, afirma Greisse. Além da mídia, a internet consegue ser igualmente perigosa “tudo pode ser acessado instantaneamente, ‘como ter um corpo perfeito’, ‘dieta da fulana de tal’...tudo muito rápido e fácil, pelo menos é o que parece para o adolescente”, diz.

Meninas são as mais afetadas

O estudo de Greisse mostra ainda que, entre os adolescentes praticantes de hábitos não-saudáveis para controlar o peso, que correspondem a 31,9% dos participantes da pesquisa, as meninas são maioria: 66,8%. Além disso, 12,2% dos adolescentes avaliados apresentaram comportamento de risco que pode evoluir para transtornos alimentares, sendo que 72,5% deles são meninas.


Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br