ISSN 2359-5191

10/11/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 82 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Poli testa sistema inteligente para veículos autônomos
Carro calcula tudo aquilo que está a sua volta e toma melhor decisão de deslocamento sem intervenção humana
Os testes forma feitos com um veículo pequeno chamado RoboDeck V2.5, produzido pela empresa XBot Crédito: XBot

Um grupo de pesquisadores do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EP-USP) está desenvolvendo um sistema para integrar aos veículos autônomos. O sistema possibilitaria o veículo, que não há intervenção humana, de mapear o ambiente que ele se encontra e, a partir disso, tomar decisões de deslocamento. O grupo é composto por nove pessoas e está estudando essa área de pesquisa desde 2011.

Veículo autônomo é o nome dado a um tipo de veículo de transporte dotado de um sistema de controle computacional com vários sensores que têm a função de navegar de forma independente e segura sobre a superfície terrestre. “A ideia do veículo autônomo é eliminar o principal componente de risco do veículo: a pessoa que dirige. A ideia é que o veículo possa se orientar e saber que eu tenho que ir de um ponto a outro sem a intervenção humana”, diz Daniel Wei, um dos integrantes do grupo. O processo de navegação é composto por etapas automatizadas para obter dados do entorno do carro, como determinar a posição, evitar a colisão com um obstáculo e executar ações de acordo com o objetivo traçado.

s

 

Entretanto, a meta do grupo não é construir e desenvolver o veículo. Rodrigo Pissardini, outro responsável pelo desenvolvimento do sistema, explica a principal preocupação: “Utilizar técnicas que já temos da topografia e da geodésia e integrar ao veículo. Como somos da engenharia de transportes, a preocupação é pegar esses veículos que estão criando e fazer ele atender ao sistema de transportes. Então é respeitar o sinal semafórico, fazer o veículo respeitar o limite da via, desviar do congestionamento. A nossa preocupação é dar inteligência ao veículo”

Para isso, cada membro está projetando uma parte desse sistema. São elas: sistema de tomada de decisão, mapas, localização usando GPS, posicionamento indoor, planejamento, detecção de obstáculos e reconhecimento de imagem. Recentemente, Pissardini apresentou sua dissertação de mestrado que aborda justamente a sua parte no trabalho: tomada de decisão para navegação autônoma. O veículo está andando e há diversos dados do ambiente sendo captados, como sistemas de transporte e objetos que ameaçam a colisão . O objetivo de Pissardini foi justamente integrar todos essas informações recebidas e fazer com que o carro tome a melhor decisão: “Eu criei uma arquitetura que pega todos essas dados, combina-os e fala o seguinte: siga ou não siga para essa direção”

O sistema se preocupa com outros fatores do veículo como a velocidade máxima permitida de uma via. Da mesma forma, também a reduzirá quando se aproximar de pessoas. “Quando estiver em uma subida, o carro terá que aumentar a força e diminuir a velocidade. Tudo isso o veículo controla de forma autônoma”, completa Pissardini. Os testes foram feitos dentro de um ambiente controlado e com um automóvel pequeno chamado RoboDeck V2.5, produzido pela empresa de tecnologia XBot.

 

d

Benefícios

Entre as grandes vantagens que a sociedade pode ter com essa tecnologia nos carros autônomos está a salvação de vidas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), acidentes de trânsito estão entre as dez maiores causas de morte no mundo, sendo que para o ano de 2012 ocorreram cerca de 1,3 milhões de mortes no trânsito, representando 2,2% das mortes mundiais. No Brasil, o número de mortes em acidentes de trânsito no ano de 2011 chegou a 43.256  segundo o Mapa da Violência produzido pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz. Portanto, Wei não hesita em dizer que isso será um grande benefício: “Isso salva vidas porque de acordo com uma estatística, em 80% dos acidentes a causa é humana, então vai salvar vidas”.

O benefício também poderia ser medido no trânsito. Haveria uma redução do espaço entre os veículos, além deles andarem todos em uma velocidade adequada. Com isso, se diminuiria o número de batidas entre eles.  Ainda há uma série de outras vantagens como a possibilidade de pessoas antes incapazes de dirigir, como crianças e pessoas cegas, se deslocarem e o melhor aproveitamento do tempo de vida: “O tempo que você estaria dentro do veículo poderia utilizar para qualquer outra coisa como, por exemplo,  dormir. Ou então alguém sai da balada à noite e quer ir para casa”, cita Pissardini. Também há outros benefícios como o benefício de sustentabilidade e melhor aproveitamento do combustível: “A partir do momento em que o veículo se regula sozinho, sabe a quantidade de gasolina que tem que usar. Também não vai ficar freando, acelerando e gastando os componentes. Seu cuidado será com a segurança dele, de quem tiver no veículo e com o ambiente”, conclui.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br