Todos os anos, cerca de 14 mil pessoas desenvolvem câncer de cabeça e pescoço, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer. Ele atinge as cavidades bucal e nasal, faringe, laringe, glândulas como as da tireóide e cordas vocais e sua incidência é ligada, principalmente, ao tabagismo e consumo de álcool. A Pesquisa Nacional de Tabagismo, realizada em 2008 pelo IBGE em parceria com outros órgãos, mostra que 33,9% dos fumantes consumiam entre 15 e 24 maços por dia. No entanto, as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste apresentaram números um pouco maiores do que a média.
Essas são as regiões estudadas por Suely Sakaguti, da Faculdade de Saúde Pública da USP, em sua tese que aborda os fatores que causam câncer de cabeça e pescoço, principalmente o tabagismo e o consumo de álcool. Ela observou que, no Centro-Oeste, os riscos para tumores na cabeça e pescoço causados pelo tabagismo são maiores do que nas outras regiões.
No entanto, quando comparado ao consumo de álcool – um outro fator de risco – o tabagismo é mais prejudicial em todas as regiões analisadas. Os riscos para os tumores de cabeça foram ainda mais expressivos quando verificado o aumento da frequência e duração dos hábitos tanto de fumar quanto de consumir bebida alcoólica. E, em 75% a 90% dos casos de câncer, esses dois hábitos estão presentes de forma combinada.
O câncer na cabeça e pescoço afeta uma região anatômica onde situam-se funções vitais como a visão e a fala. Em seu trabalho, Suely destaca que os pacientes têm altos riscos de desenvolverem outros tumores simultaneamente ou subsequentemente. “A qualidade de vida destes pacientes é comprometida não só pelo diagnóstico que, em geral, é tardio, mas por sequelas que o tratamento destes cânceres pode ocasionar.”
Tabagismo e consumo de álcool no Brasil
Segundo a Pesquisa Internacional de Tabagismo (ITC)– realizada em 20 países, incluindo o Brasil– entre 2006 e 2013 a venda de cigarros caiu 32%. Entretanto, dados do Ministério da Saúde mostram que o tabagismo ainda causa em torno de 200 mil mortes por ano no país. O abuso no consumo de álcool no Brasil também caiu, mas ainda é alto. Pesquisa da OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que o consumo médio de álcool no mundo entre pessoas acima de 15 anos era de 6,2 litros por ano por indivíduo, em 2010. Já no Brasil, uma pessoa dessa faixa etária ingere, em média, 8,7 litros de álcool por ano.