ISSN 2359-5191

17/11/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 84 - Saúde - Faculdade de Medicina
Fatores psicológicos são prevalentes entre as causas de disfunção sexual
Ansiedade e depressão, por exemplo, são fatores de risco para uma vida sexual saudável
Disfunção sexual afeta cerca de 30% da população feminina. Foto: William Nunes

Diminuição ou ausência de desejo, problemas de excitação e dificuldade de orgasmo são alguns dos problemas enfrentados por pessoas com vida sexual ativa. Essas disfunções sexuais podem ocorrer em uma ou mais etapas do ciclo de resposta sexual, fazendo com que a relação não acabe de forma prazerosa. As etapas desse ciclo são: desejo, excitação – nas mulheres, lubrificação; nos homens, ereção –  e orgasmo, ápice da sensação de prazer.

Entre os fatores que ocasionam as disfunções sexuais, há aqueles orgânicos e psicológicos. Um estudo da psicóloga Bárbara Lucena investigou principalmente a relação dos fatores psicológicos com o problema em mulheres, principalmente depressão e ansiedade. “Além da ansiedade ocasionar uma série de respostas orgânicas que também atrapalham a resposta sexual, ela em um nível exacerbado prejudica porque impede que a pessoa se foque no momento da relação sexual. Ela nem começou a fazer sexo e já está pensando como será o orgasmo”, explica Bárbara, sobre como a ansiedade está relacionada a esses problemas.

Já a depressão prejudica pela ausência de interesse, uma vez que pessoas depressivas têm dificuldades de se relacionar com outras pessoas, tendência ao isolamento e deixam de sentir prazer em coisas que antes lhes eram prazerosas. “No meu estudo, quanto mais as mulheres pontuavam nas escalas que avaliam depressão e ansiedade, maior o problema sexual que elas tinham. Quanto mais grave a depressão e ansiedade, mais disfunção sexual elas têm e mais grave são essas disfunções”, conta a pesquisadora.

Estima-se que cerca de 30% das mulheres tenha ao menos uma disfunção sexual, sendo que a mais prevalente é a falta de desejo, seguida da dificuldade de orgasmo. Quanto à falta de desejo, por exemplo, cerca de um terço da população feminina saudável a possui. Em se tratando de pessoas com depressão, essa taxa quase dobra. Já sobre a dificuldade de orgasmo, cerca de 25% das mulheres saudáveis possuem, enquanto entre aquelas com depressão, as estatísticas apontam mais da metade. “A depressão e a ansiedade agravam muito o problema, é como se as taxas praticamente dobrassem a cada problema sexual”, relata a psicóloga.

Se comparados os fatores que ocasionam disfunções sexuais, entre os orgânicos e psicológicos, o segundo é prevalente, principalmente nas mulheres, embora eles não sejam excludentes e na maior parte dos casos estejam combinados.  A maioria das mulheres não faz ideia do que pode estar ocasionando a disfunção sexual, e não procura tratamento. Quando o fazem, já estão com o problema a muitos anos. “Principalmente o sexo feminino têm a tendência de achar que é normal. Como vivemos muitos resquícios de uma cultura machista, em que as mulheres muitas vezes vêm de uma educação repressora, elas tendem a achar que é normal e não querem procurar tratamento.”, afirma Bárbara.

O tratamento em mulheres saudáveis, sem fatores orgânicos que levam a disfunção,  é psicoterápico, uma terapia com foco na sexualidade. Se há depressão e ansiedade em níveis moderados a grave, tem que ser tratados à parte da disfunção sexual, através de medicamentos como antidepressivos e acompanhamento psiquiátrico.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br