Surgidas das nuvens de gás e poeira, as estrelas passam a maior parte de sua vida na sequência principal. Mas antes desse estágio, existe àquelas inseridas na pré-sequência principal. O estudo de características e propriedades dessas estrelas é essencial para uma melhor compreensão de suas funções e, consequentemente, do desenvolvimento do Universo. Com isso em mente, Andressa Cristina Silva Ferreira, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, tratou do tema em sua dissertação de mestrado, intitulado “Movimentos próprios de estrelas pré-sequência principal”.
Estrelas pré-sequência principal, segundo Andressa, tem suas peculiaridades, pois “a principal diferença entre as estrelas é que na pré-sequência principal elas ainda não queimam hidrogênio no núcleo para gerar energia, enquanto as estrelas da sequência principal fazem isso. Essa é basicamente a diferença”’. As estrelas da pré-sequência principal estão, portanto, em um estágio de desenvolvimento anterior às da sequência principal. Nosso Sol, assim como muitas das estrelas conhecidas, se encontram na sequência principal, pois estão gerando luz e calor decorrentes da queima de hidrogênio através da fusão nuclear.
A importância para a área da astronomia em se estudar as estrelas na pré-sequência principal é de que essas estrelas jovens mostram o que acontece nas fases iniciais das estrelas. Como ressalta Andressa, “isso ajuda a entender também o nosso Sol, por exemplo, como ele foi formado, além de outras características”.
Outro conceito importante nesse estudo é o de Moving Group, que trata, basicamente, de um grupo de estrelas que apresentam movimentos semelhantes (mesma direção, sentido e valor) e estão próximas. “É como se elas estivessem indo para o mesmo lugar. Trata-se, em geral, de estrelas jovens que nasceram próximas e ainda contêm o movimento original da nuvem onde foram formadas”, explica Andressa.
O principal resultado desses estudos foi a criação de um catálogo que possui basicamente a posição das estrelas e os valores dos movimentos próprios delas. “Peguei da literatura várias estrelas que já são classificadas como pré-sequência principal e procurei numa base de dados astronômicos a posição delas em diversas épocas (em geral entre os anos de 1900 a 2013). Tendo as posições em várias épocas, ajusto uma reta e consigo o movimento próprio para cada coordenada da estrela”, comenta Andressa. Assim, o pesquisador que tiver interesse poderá utilizar os valores dos movimentos próprios e aplicá-los para estudos cinemáticos de uma região, por exemplo.
Andressa ainda comenta que já existem vários catálogos de movimentos próprios de estrelas, mas que “o nosso grupo é o único que faz isso para somente esse tipo de estrela, então é mais específico e mais cuidadoso porque verificamos uma a uma”, completa. Se a história da ciência sempre buscou associar diversos estudos para uma melhor compreensão do todo, pesquisas como essa contribuem cada vez mais para a evolução dos estudos científicos e astronômicos.