Entre outubro e novembro de 2009 – ano internacional da astronomia –, uma equipe de 12 membros do programa GalileoMobile com mais dois motoristas e três produtores de cinema percorreram cerca de sete mil quilômetros no Chile, Bolívia e Peru, passaram por 33 escolas, dialogaram com mais de 1.600 estudantes, 600 professores e doaram 45 telescópios galileanos. Como produto final, um documentário sobre a jornada e muita interação humana. Essa foi a primeira expedição do projeto que busca divulgar a ciência da astronomia para crianças, adolescentes, professores e moradores de comunidades afastadas de grandes centros que possuem poucos eventos dessa natureza.
Um desses membros foi a astrofísica brasileira Patrícia Figueiró Spinelli, que em evento realizado no IAG expôs a história e os objetivos do programa. Criado como uma ideia de estimular o aprendizado de crianças e jovens que residem em áreas onde os estudos de ciências são raros, GalileoMobile se caracteriza por ser um projeto internacional, itinerante e sem fins lucrativos. Sua meta é essencialmente trazer a astronomia para mais perto de pessoas que não possuem esse privilégio, além de distribuir materiais didáticos. Por ser internacional, o programa possui voluntários de diversos países latino-americanos e europeus, todos caracterizados por esse forte espírito inspirador que leva à viagens socioeducativas.
Além da expedição de 2009, outras cinco já foram realizadas: em 2012 na Bolívia e na Índia, em 2013 em Uganda e nesse ano na Colômbia e na dupla Bolívia e Brasil. Passando pelos estados do Acre e Rondônia, essa viagem pela Amazônia boliviana e brasileira se configurou em um evento único, pois além dos estudantes do ensino fundamental, englobou alunos indígenas, de graduação e deficientes visuais.
Segundo Patrícia, promover a interação cultural entre as pessoas é justamente um dos principais focos do projeto. “O Globo tem suas fronteiras, mas o céu é de todos, então buscamos essa unidade”. Daí vem a ideia para o nome do documentário da primeira expedição, Sob o mesmo céu (Under the same sky, 2011). O conceito de intercâmbio cultural é, então, o diferencial nessa relação entre diversos povos.
Assim, além da divulgação da ciência da astronomia dentro e fora das salas de aula em ambientes remotos do nosso planeta, o projeto GalileoMobile auxilia a inspiração para pessoas promoverem iniciativas com cerne no relacionamento humano e cultural, ainda mais pela simples razão de todos nós estarmos no mesmo espaço e pertencermos ao mesmo Cosmo. Ao citar uma fala de um dos meninos de Uganda, Patrícia revela “eles tem uma noção muito grande de que estudar nosso Universo é uma obrigação, pois somos responsáveis por ele. Afinal, é onde moramos”.