ISSN 2359-5191

24/11/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 87 - Saúde - Escola de Enfermagem
Estudo relaciona carga horária de trabalho com estresse de enfermeiros
Foram analisados níveis de estresse e cortisol salivar e as cargas horárias dos enfermeiros do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
Por serem muito importantes no tratamento dos pacientes, boas condições de trabalho são essenciais para os enfermeiros.

A pesquisa da enfermeira Rita Dalri utilizou os níveis de cortisol salivar em enfermeiros da Unidade de Emergência, para mensurar os níveis de estresse e compará-los com a carga horária de trabalho dos mesmos. O cortisol é um hormônio glicocorticóide primário, sintetizado a partir do colesterol, que regula o metabolismo de carboidratos, proteínas e lípides. Além disso, mantém normal a pressão arterial e funciona como inibidor de reações alérgicas e inflamatórias.

A presença em excesso do cortisol é extremamente prejudicial à saúde. Em curto prazo, a resposta ao estresse pode ser benéfica, pois prepara o organismo para enfrentar situações adversas. No caso de estresse por longo período, a elevação do cortisol e a ativação do sistema nervoso simpático podem levar a consequências danosas ao organismo, tais como alterações cardiovasculares, metabólicas, da resposta imunológica, distúrbios do sono, queixas de dor no corpo, entre outras.

O estresse constitui-se em um risco ocupacional para os trabalhadores, por isso a importância de ser reconhecido precocemente. Apesar de o ambiente do hospital analisado (HCFMRP) oferecer muitos fatores estressantes, a maioria dos enfermeiros consegue lidar de forma adequada, fazendo com  que esses fatores não interfiram significativamente na assistência ao paciente.  Com relação à carga horária de trabalho semanal desenvolvida pelos enfermeiros deste estudo, 30,5% exerciam suas atividades por até 36 horas semanais, 51,6% por um período de 37 a 57 horas/semana e 17,9%  por 58 a 78 horas semanais. No que diz respeito ao nível de estresse apresentado pelos enfermeiros pesquisados, 15,8% destes profissionais, apresentaram níveis baixos de estresse, 69,5%, níveis moderados e apenas 14,7% níveis altos.

Considerando que os profissionais da enfermagem são muito importantes no tratamento dos pacientes, principalmente nos setores de emergência, é necessário que se tenha um cuidado especial, no sentido de promoção da saúde e melhoria do desempenho profissional. “Mesmo que neste estudo a carga horária não se tenha correlacionado com o estresse, ela pode provocar fadiga e influenciar na ocorrência de erros, interferindo na qualidade da assistência aos pacientes”, relata a pesquisadora. “Portanto, a carga horária apresenta relevância no contexto da saúde do trabalhador”.

Com relação aos níveis de cortisol salivar encontrados a partir do estudo, verificou-se que não houve resultados acima do valor de referência para a normalidade. Não foi constatada correlação entre carga horária de trabalho e níveis de estresse ocupacional, reações fisiológicas do estresse e níveis de cortisol salivar. “A identificação de estressores no trabalho pode ser considerada agente de mudança”, ressalta Rita. “Uma vez identificados, os trabalhadores e gestores podem discuti-los e propor possíveis soluções para minimizar seus efeitos, os quais podem tornar o cotidiano dos enfermeiros mais produtivo, menos desgastante e, valorizá-los mais no que se refere aos aspectos humanos e profissionais”.

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