ISSN 2359-5191

02/12/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 92 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Territorialidade e dificuldade da partida são capazes de alterar níveis hormonais de atletas
Presença de testosterona é maior em atletas mandantes do que em visitantes, ao passo que dificuldade da partida provoca diversas respostas hormonais e perceptivas
Fonte: Wikimedia Commons

É senso comum entre atletas e membros da comissão técnica de equipes que a territorialidade e o nível perceptível do adversário são fatores psicológico de destaque ao longo de um partida. É comum, por exemplo, esquadras visitantes adotarem uma postura mais defensiva, ao passo que o mandante sempre busca atacar seu adversário. No entanto, a ciência é ainda pouco clara quanto aos efeitos desse elementos no metabolismo de atletas. Como um levantamento de uma série de estudos nessa área, o pesquisador Ademir Felipe Schultz investigou as diferenças hormonais e comportamentais de atletas de basquete sob essas condições.


Defendida na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE-USP), sua pesquisa de mestrado se divide basicamente em duas vertentes: a primeira busca entender o grau de participação do fator “mando de campo” nas respostas metabólicas, enquanto a segunda linha de estudo focou entender como os atletas reagem quando têm uma clara percepção do nível de seu adversário. Para isso, Schultz investigou duas equipes com padrões com qualidade semelhantes – a primeira e a segunda colocadas na chave – em duas condições – dentro e fora de casa. No segundo estudo, relata o autor, “uma equipe foi investigada contra adversários de diferentes níveis (difícil, médio e fraco - estabelecido a priori e acompanhada a cada rodada), além de uma sessão de treinamento, todos esses realizados em casa, para isolar essa variável”.


Os resultados sobre a territorialidade também puderam ratificar o senso comum dos atletas. Verificou-se, independentemente do local de jogo, um aumento nos níveis de testosterona – hormônio que aumentaria o “comportamento agressivo” relacionado à “defesa do território” e cortisol – hormônio produzido para ajudar o organismo a controlar o estresse. Essas percepções confirmam que a competição por si só já é um fator capaz de alterar os estados hormonais. Já a concentração de testosterona no pré-jogo foi maior em atletas mandantes (em relação aos mesmo esportistas, quando visitantes), o que ratifica a tese de que o fenômeno do mando de campo é um fator participativo no comportamento do jogador.


Somado a isso, os diferentes níveis de adversários também alteram diversas respostas hormonais e perceptivas. A concentração de testosterona, por exemplo, foi maior antes da partidas difíceis em comparação ao mesmo período das sessões de treinamento. Outra amostra foi o nível de cortisol, que também foi maior nas iminências de um jogo considerado difícil, ao passo que a autoconfiança foi maior em treinamentos do que em disputas médias e difíceis.


O estudo, segundo Schultz, possibilita o entendimento do atleta como um ser mais complexo e “multifatorial”, o que ajuda a trabalhar com várias vertentes de forma a otimizar seu desempenho. Para isso, “a comissão técnica (técnicos, preparadores físicos e psicólogos, por exemplo) poderia fazer intervenções com o intuito de deixar o atleta mais preparado para o jogo do qual irá participar, assim como considerar esses fatores que impõe diferentes magnitudes de cargas aos atletas”.

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