ISSN 2359-5191

10/12/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 98 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Desenvolvimento de habilidades motoras deve focar em características individuais, diz estudo
Segundo pesquisador, crianças entre sete e dez anos não podem receber cargas de treinamento voltadas para características comuns entre si
Fonte: Wikimedia Commons

A ciência reivindica que crianças com cerca de sete anos de anos têm potencial físico e cognitivo para dominar habilidades motoras básicas, como correr e chutar. Porém, na prática, a grande maioria dos jovens não as coordena durante esse período. Com a motivação de entender mais sobre essa questão, o pesquisador Fernando Garbeloto realizou um estudo com mais de 500 crianças ao longo de 6 anos, também questionando como as diferenças individuais podem alterar o desenvolvimento motor durante a infância.

A investigação, que faz parte da dissertação de mestrado do pesquisador, foi realizada na cidade de Muzambinho-MG. Ao longo de seis anos, o projeto realizou uma série de testes com crianças dos 6,5 anos até os 12 anos, com uma periodicidade de seis meses. A bateria de exames era constituída pelo o que os especialistas chamam de “Padrões Fundamentais de Movimento” (PFM). Os exercícios executados foram divididos em habilidades motoras (correr, saltar obstáculos, saltar horizontalmente, galopar, deslizar e saltitar em um pé) e manipulativas (receber, rolar, arremessar, quicar, rebater e chutar). Esse tipo de análise, segundo o autor, “permite verificar o desenvolvimento motor não só da habilidade total mas também de seus componentes”. Um bom exemplo para tal afirmação é a diferença entre a habilidade de arremessar e de movimentar as pernas, que podem estar em estágios diferentes.

O estudo ainda abarca a análise individual das crianças de acordo com sexo, contextos sociais e idades diferentes. Os resultados foram distintos para os três fatores. Não houve, por exemplo, diferenças significativas entre jovens da zona rural e da zona urbana. Isso indica, segundo o pesquisador, que “os estímulos ambientais parecem proporcionar uma taxa de ganho semelhante”. As principais disparidades, no entanto, foram identificadas entre os sexos. As meninas, no geral, apresentaram desempenho inferior ao dos meninos nas habilidades manipulativas. Esse diagnóstico, alerta Garbeloto, “pode estar associado a fatores históricos e culturais nos quais as meninas são desencorajadas a praticar atividades físicas com características do gênero masculino, como futebol, taco, entre outras”.

A pesquisa também demonstrou que há uma relativa uniformidade no desenvolvimento das habilidades motoras. Em outras palavras, um grupo considerável de crianças manteve suas características em relação ao restante do grupo após dois anos e meio de trabalhos. Os menos habilidosas aos sete anos, por exemplo, continuaram com essa classificação depois do período. O mesmo pode ser dito às crianças com desenvolvimento mais rápido.

O estudo, portanto, também nega a teoria de que as crianças possuem total controle dos seus movimentos motores aos sete anos. Fernando Garbeloto inclusive é enfático ao dizer que o programa “mostrou que esses Padrões Fundamentais de Movimentos não são totalmente dominados nem aos dez anos”. Somado a isso, o pesquisador também propõe que programas de desenvolvimento dessa área não foquem apenas no que é comum à crianças, mas que sejam trabalhados as especificidades e características individuais deles.

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