ISSN 2359-5191

10/12/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 98 - Meio Ambiente - Instituto de Biociências
Répteis e anfíbios são os mais prejudicados pelo aquecimento global
Apesar de rico em biodiversidade, Brasil ainda não investe o suficiente em pesquisas sobre o assunto
Dependendo da capacidade de adaptação de cada espécie, é possível que algumas sobrevivam e outras não. Foto: Marek Szczepanek/Wikimedia Commons

Altas temperaturas podem afetar o nível metabólico de determinadas espécies animais, causando desde alteração na fisiologia, comportamentos dos seus organismos, até a dinâmica das populações.

Segundo Adriele de Oliveira, doutoranda em Zoologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o principal grupo atingido é o dos ectotérmicos, animais cuja temperatura corporal depende do ambiente externo. Este processo de adaptação é chamado de termorregulação e pode ser identificado em répteis, anfíbios e na maioria dos peixes. A exposição a climas muito quentes pode levar até a morte dessas espécies. Além disso, sabe-se que a temperatura também é um determinante para o sexo dos seus embriões ainda dentro do ovo, definindo a proporção de machos e fêmeas nas ninhadas e nas populações. Alterações graves no sexo das espécies podem causar, inclusive, extinções sutis localmente devido ao déficit na reprodução. No entanto, não somente animais endotérmicos são influenciados por alterações climáticas e aves que se reproduzem sazonalmente também podem ser prejudicadas, mostrando mais um fator de reflexo da temperatura que atua sobre a fauna.

Há limites

“Com relação à adaptação às variações térmicas, todo organismo tem uma faixa na qual consegue sobreviver e desempenhar suas funções básicas”, diz Adriele. Alguns vertebrados conseguem explorar a heterogeneidade dos ambientes através do comportamento. Porém, ela acrescenta que, a partir do momento em que este limite é negligenciado, funções metabólicas e comportamentais passam a ser alteradas. A pele úmida dos anfíbios, por exemplo, pode ser prejudicada pela incidência de raios solares; ovos de aves podem sofrer superaquecimento ou resfriamento e comprometer o desenvolvimento do filhote. “De maneira geral, a exposição às temperaturas extremas tende a ser prejudicial, pois o metabolismo dos animais precisa se adaptar, o que nem sempre é possível”, completa.

Dependendo da capacidade de adaptação de cada espécie, é possível que algumas sobrevivam e outras não e, portanto, deixem de existir. Essa interferência na cadeia pode parecer sutil, mas é brusca e pode causar alterações não só localizadamente, mas também afetar patamares do ecossistema. Há previsões para o final deste século de aumento do aquecimento da Terra. “O que impressiona nessa questão é a velocidade com a qual esse aquecimento está previsto para acontecer”, diz a doutoranda.

Para Adriele, a preocupação em relação ao aquecimento global tem aumentado e está bem pautada, porém é importante que se estude, inclusive, o foco das perturbações sobre as dinâmicas da natureza. “O Brasil, por exemplo, sendo um país megadiverso, ainda tem a sua biodiversidade pouco conhecida e não há informações sobre a biologia de muitas espécies, o que dificulta o entendimento das respostas relacionadas às variações térmicas”, conclui.

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