ISSN 2359-5191

18/12/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 104 - Meio Ambiente - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Infecções virais ameaçam ararinhas azuis
Com provável origem no tráfico ilegal de aves, doenças ameaçam milhares de aves da ordem dos psitacídeos

Tráfico ilegal de aves ajuda a disseminar infecções por bornavírus, poliomavírus e circovírus em pássaros da ordem dos Psittaciformes no Brasil. Tendo muitos representantes desta ordem entre os animais domésticos da opção dos brasileiros, os altos números de mortes súbitas destes animais começam a ser finalmente explicados. A maior preocupação está na descoberta de casos destas infecções nas ararinhas azuis, que correm grave perigo de extinção.

Encabeçado pela pesquisadora Natália Philadelpho Azevedo, grupo da faculdade de veterinária da USP descobriu que estas infecções, muito comuns no exterior, estão presentes também em território nacional. A grande diversidade da fauna brasileira e também as movimentações legais e ilegais de animais, cada vez mais frequentes, foram os principais motivos do surgimento desta pesquisa.

Tais doenças possuem sinais clínicos muito comuns, facilmente confundidos pelos veterinários com outras condições mais rotineiras, a falta de capacidade de diagnóstico era responsável por um número muito alto de perda de animais. Além disso, a incapacidade de diagnóstico acabava por deixar que estes animais “positivos” ficassem em contato com outros, ajudando na disseminação destas patogenias.

Os sinais clínicos mais comuns são a falta de apetite do animal, a plumagem ficar eriçada e a apatia.

A pesquisa ainda não conseguiu se expandir ao estudo em animais silvestres em liberdade, para tentar determinar pontos onde tais infecções existem. A transmissão destas doenças se dá pelas secreções dos animais, incluindo o pó que se desprende das penas, facilmente disseminado pelo ar para ser inalado ou ingerido por outro animal. Os períodos de liberação dos patógenos são intermitentes, aumentando o risco de falsos positivos casos os exames sejam feitos em períodos de incubação viral.

A infecção por circovírus provoca também, em alguns casos, uma alteração na plumagem do animal muito característica ao olhar clínico. Além disso, em específico, afeta mais a filhotes do que aves adultas. Espécies exóticas para o Brasil são menos resistentes a esta infecção que as aves nacionais, exemplos de animais altamente suscetíveis são a cacatua da Austrália e o papagaio do Congo.

O tráfico de animais se torna um disseminador enorme também pela forma como movimenta os animais, o confinamento e o estresse abaixam a imunidade das aves, deixando-as mais vulneráveis a contraírem tais patogenias. Um único animal “positivo” de origem desconhecida pode eliminar um viveiro inteiro.

Para tratar tais condições a medicina veterinária pode apenas oferecer tratamentos suporte (aqueles que cuidam apenas dos sintomas e não da condição que os causa), a única forma de cura destas condições é pelo próprio sistema imunológico dos animais. Nos EUA está se desenvolvendo uma vacina para o poliomavírus, porém ainda sem comprovação de efetividade e altíssimos custos de aplicação.

Um grande problema que dificulta a contenção é a existência de animais que carregam o vírus sem apresentarem sintomas ou ficarem enfermos, estes se tornam transmissores impossíveis de se detectar.

Oferecendo grande risco a espécie, foram detectados casos de bornavírus nos exemplares de ararinha azul em cativeiro. Já inexistente na vida selvagem, existem apenas 100 espécimes deste animal. A infecção chama a eliminação de animais positivos, o que se torna problemático sob a óptica da preservação da espécie. A reprodução destes animais fica comprometida pela não consciência de quais animais estão infectados ou não, e a soltura se tornou impossível, a espécie pode acabar eliminada do planeta por causa desta doença.

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