ISSN 2359-5191

14/10/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 17 - Sociedade - Museu de Arte Contemporânea
Exposição no MAC reflete sobre história e rumos da América Latina

São Paulo (AUN - USP) - Tendo como referência a obra homônima de Nemésio Antunes, a exposição Transeuntes é fruto de uma colaboração entre o Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC – USP) e o Corpo Consular da América Latina. Através de trabalhos de artistas modernos e contemporâneos, a mostra busca refletir sobre a história e as preocupações dos países latino-americanos e pode ser vista no MAC até 15 de novembro.

A exposição é dividida em três eixos, que sugerem diferentes tipos de reflexões: “Buscas de identidade”, “Lutas, sonhos e utopias” e “Entre rupturas e conjugações”. No primeiro, estão representadas a natureza e a urbanização da América Latina, com obras de Tarsila do Amaral, como “A Floresta” e “Estrada de Ferro Central do Brasil”. Tais quadros fazem parte de um período considerado fundamental para a arte latino-americana, quando, entre as décadas de 1920 e 1940, os artistas da região vão buscar na Europa os elementos para transformar sua arte e colocá-la ao alcance da sociedade em processo de modernização. “Buscas de identidade” é também marcado pela predominância de obras com temática religiosa, como os quadros “Procissão”, do brasileiro Carlos Prado, e “Catedral”, do cubano René Portocarrero.

A religião também é abordada na obra da artista brasileira Regina Silveira, “Paradoxo dos Santos”, que integra o eixo “Lutas, sonhos e utopias”. A obra retrata a sombra do “Monumento a Duque de Caxias”, de Victor Brecheret, projetada a partir de uma imagem de madeira de São Tiago, patrono militar da Espanha, aludindo também a um outro aspecto fundamental da América Latina, o militarismo. Ainda em “Lutas, sonhos e utopias”, são abordadas questões políticas da região, com especial destaque para as ditaduras latino-americanas. Esse é o tema da obra do paraibano João Câmara Filho “Uma Confissão”, de 1971. O quadro mostra um interrogatório sob tortura, em clara denúncia à ditadura militar instalada no país a partir de 1964. Também “Aliança para o Progresso”, obra de 1965 de Marcelo Nitsche, faz uma referência à intensa repressão da época, ao retratar um aperto de mão entre duas mãos algemadas.

O eixo “Entre rupturas e conjugações” aborda a arte do período de 1950 a 1970, visto como o momento de maior expansão e divulgação internacional da arte latino-americana. Tais décadas são marcadas por uma seqüência de rupturas promovidas por artistas e grupos que defendem maior autonomia em suas criações, rejeitando as imposições de modelos artísticos.

Faz parte da exposição ainda uma programação de vídeos exibidos no Festival de Veneza de 2005. A programação é composta por “Miedo al Mar”, de Ramses Giovanni, “Habanos”, de Victor Mares, “Planta Baja”, de Ramon Zafrani e “Coexistência”, de Donna Conlon. Esse último mostra inúmeras formigas, algumas carregando folhas, outras levando fragmentos estampando bandeiras de diversos países, andando apressadas de um lado para o outro e esbarrando-se o tempo todo, em uma analogia aos países da América Latina, que caminham lado a lado, mas permanecem desconhecidos entre si.

Exposição “Transeuntes”
Local: MAC USP. Rua da Reitoria, 160, Cidade Universitária.
Telefone: (11) 3091-3039
Horário: Terça a Sexta das 10h às 19h. Sábado, domingo e feriados das 10h às 16h. Entrada franca.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br