São Paulo (AUN - USP) - Um projeto da Faculdade e Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP propõe a criação de parques e praças na região de Aricanduva, na Zona Leste de São Paulo. Elaborado a pedido da subprefeitura da região, o projeto busca idéias de utilização dos espaços livres da área.
Na primeira etapa, está prevista a criação de uma praça em uma área que foi desapropriada para obras viárias e de construção do metrô da Zona Leste. Como nem todo o espaço desapropriado foi utilizado pelas obras, restou uma grande área livre entre as avenidas Radial Leste e Arincanduva, de grande tráfego de carros. O terreno foi ocupado por dois clubes de futebol amador, por barracos em que vivem famílias pobres e por um depósito de materiais de construção. A prefeitura, agora, deseja regularizar a situação do terreno, em um projeto que inclui ainda o planejamento de obras para outros espaços sub-utilizados na região, e pediu ajuda à universidade.
O professor Euler Sandeville, coordenador do projeto Aricanduva, conta que, para trabalhar com o problema proposto pela prefeitura, o programa de duas disciplinas da área de paisagismo –uma de graduação e uma de pós- foram adaptados. Os alunos desses cursos passam a estudar noções de paisagismo e de urbanismo a partir das questões reais encontradas na região.
Para o problema do terreno entre a Radial Leste e a avenida Aricanduva, o projeto ofereceu à prefeitura três propostas de ações. A primeira é manter os clubes de futebol lá, e utilizar as áreas restantes para o projeto. Nesse caso, a prefeitura ignoraria a ocupação irregular dos terrenos.
A segunda proposta é utilizar os espaços vagos embaixo do viaduto Aricanduva –que dá acesso aos carros que vêm da Radial Leste e da avenida Aricanduva à Marginal Tietê- para o projeto, construindo praças lá.
Já a terceira proposta prevê a retirada dos clubes do local, e a utilização de todo o terreno para o projeto. É a proposta que deve ser aceita pela prefeitura, opina Sandeville.
“É um trabalho de consultoria e de projeto. Ele tem um sentido de a universidade trabalhar com situações concretas de realidade da cidade, com situações de conflito, mas não tem nenhuma pretensão de que a universidade assuma o papel do poder público”, explica o Sandeville. Ele destaca que cabe a decisão cabe à administração pública, e não à universidade. “Apenas apontamos caminhos, soluções”
Praças: por uma cidade mais bonita, sim
Durante as pesquisas de campo realizadas para o projeto, os alunos da FAU detectaram que a região é carente de áreas de lazer –o que ajuda a explicar a ocupação da área por clubes de futebol.
Uma das propostas do projeto é atender a essa demanda, construindo áreas de lazer e convívio para adultos e crianças, que são numerosas na região. “As praças são áreas de convivência e de sociabilização. Esses espaços estão lá, e nunca ninguém olhou para eles. O projeto pode incluí-los à vida das pessoas e à cidade”.
O professor diz que o projeto da praça é “um piloto para testar essa capacidade de interação entre a universidade e o setor público, em cima de uma situação completa de trabalho. O problema é complexo, não é uma praça que vai resolver todas as questões da região. Mas é importante ter uma cidade mais bonita. Ela incentiva as pessoas a cuidarem melhor do espaço que há em volta delas”.