São Paulo (AUN - USP) - Os pacientes da rede pública de saúde passam agora a contar com cirurgias gratuitas para a correção de miopia, astigmatismo e hipermetropia, com a inauguração da Unidade de Cirurgia Refrativa, na Clínica Oftalmológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Esta nova unidade – a primeira do tipo na rede de saúde pública brasileira – está equipada com um aparelho a laser para operar as doenças refrativas da visão, e tem capacidade inicial para realizar 600 cirurgias corretivas por mês. O investimento em estrutura e aparelhagem foi de R$ 3 milhões.
Para a população de baixa renda, principal usuária do Sistema Único de Saúde (SUS), a notícia promete uma melhoria importante na qualidade de vida. Segundo a Agência Internacional para Prevenção da Cegueira, ligada à Organização Mundial da Saúde, as doenças refrativas chegam a acometer de 5 a 15 % da população – no Brasil, a incidência pode chegar até a 20% das pessoas, dependendo da região estudada. A Sociedade Brasileira de Oftalmologia promove diversos mutirões para detecção da população com doença refrativa; entretanto, se por um lado o problema do diagnóstico tem sido contornado, muito pouco se consegue fazer para o acesso aos óculos e lentes corretivas. De confecção cara, poucas das famílias atendidas pelo SUS conseguem encaixar as lentes e armações no orçamento, e, as que obtêm através das escassas doações, ainda terão que pagar pelas lentes corretivas, que são específicas para cada paciente. Com a cirurgia, pode-se alcançar a recuperação total da visão – ou seja, paciente curado, sem gastos extras, com mais qualidade de vida e até perspectivas de novas oportunidades de emprego.
Os primeiros contemplados com a cirurgia gratuita serão os professores de ensino fundamental da rede estadual da Capital. Segundo o oftalmologista Newton Kara José, professor titular da Disciplina de Oftalmologia da FMUSP, os docentes precisam de uma boa acuidade visual para a formação dos estudantes. Além disso, eles têm prestado, de maneira voluntária, um serviço fundamental para o sucesso das campanhas de reabilitação visual de alunos, por intermédio do projeto "Olho no Olho", que visa detectar alunos com dificuldades visuais e encaminhá-los para o serviço – só o Hospital das Clínicas já atendeu 22 mil crianças pelo projeto.