Com base em sua experiência profissional em uma escola bicultural brasileira, a professora Paula Fernanda Ferreira de Sousa passou a desvelar os processos pelos quais se alteravam o curso do ensino de física pela “peneira” cultural de cada um dos lados presentes na instituição, no caso brasileira e espanhola, sendo que a escola posta como objeto de pesquisa tinha como seu contorno essas duas culturas em sua proposta pedagógica.
Apesar do campo do conhecimento abrangido pela física gozar do titulo de universal, o qual remete a qualidade de suas leis e modelos imperarem em todo lugar e qualquer situação a despeito de qualquer vontade, Paula descobriu que seu ensino e absorção variam deveras de acordo com a cultura posta em questão. Então, partindo para identificar as vertentes culturais que existem no ensino de física, a cientista constata que sim, a física e provavelmente as outras disciplinas de exatas carregam em sua passagem e planejamento de ensino variações sensíveis influenciadas pela cultura que a cerca. Paula diz em sua tese “Física como disciplina escolar: investigando sua dimensão cultural”, por exemplo, que o projeto pedagógico e entendimento da física numa “perspectiva espanhola” tende mais a matematização do que a brasileira, refletindo isso em todo ambiente e aparato escolar.
A “miscigenação” dos contextos culturais influem na educação, esclarece Paula, entretanto, é importante ponderar o que isso acarreta no cenário pedagógico como um todo e, para Paula, em sua tese de doutorado, a diversificação nos aspectos do ensino, pelo menos em física, acaba por trazer ao aluno e ao professor uma formação mais rica do que aquela construída à sombra de apenas um ambiente cultural.