Acelerados por campos elétricos e guiados por campos magnéticos, núcleos atômicos são lançados em uma curta jornada através do quase vácuo do interior do acelerador de partículas para, talvez, colidir com outros núcleos. A partir daí: mistério. A ciência conhece bem as forças compreendidas nesses fenômenos. Porém apenas advinha o que rege a confusão de partículas numa colisão. São muitos os modelos para tal. “Um físico é apenas a maneira que os átomos encontram de observar a si mesmos.”, disse Niels Bohr, um dos “pais” da física moderna.
Luiz Carlos Chamon, professor do Instituto de Física da USP há 25 anos, explica que é difícil chegar a um modelo que cubra os episódios de colisões em sua totalidade. É necessário focar algum tipo de colisão e daí divisar algo que possa explicá-lo e, claro, conferir com os dados experimentais, senão será apenas um exercício de pensamento, uma pseudociência. Agora estudando colisões de átomos em “baixas energias”, como diz o jargão da área, Luiz esclarece que as principais forças a serem levadas em conta no encontro de duas partículas num acelerador são: a força coulombiana - a força elétrica que repele os núcleos entre si, já que ambos possuem carga positiva - e a força nuclear, que atrai os núcleos entre si e que, apesar de forte, possui um alcance menor do que a coulombiana. Então, o jogo entre as forças, diz Luiz, é diretamente ligado a velocidade com que as partículas se encontram no colisor: rápido demais e a força coulombiana impera, pois não existe espaço para os núcleos serem atraídos pela força nuclear. Lento demais, os núcleos são atraídos pela força nuclear e a colisão não acontece. O termo “ baixas energias” vem a cobrir as colisões que acontecem na fronteira das duas forças, nem rápido demais nem lento demais.
O que boa parte das pessoas que freqüentam a USP desconhecem é que existe um acelerador de partículas no campus. Conhecido por Pelletron, a máquina ocupa mais de quatro andares do edifício Oscar Sala e seu exterior pode ser visto por boa parte do campus da USP Butantã como a “torre” onde fica afixado o símbolo do Instituto de Física.