ISSN 2359-5191

19/02/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 07 - Saúde - Instituto de Psicologia
Protocolo Irdi consegue prever e evitar casos de autismo em bebês
A partir de avaliações feitas durante os 18 primeiros meses de vida da criança, detecção de certos sinais de sofrimento psíquico indica e pode evitar futura emergência da doença
Foto: givingbirthwithconfidence.org

Um protocolo usado para acompanhar o desenvolvimento emocional de bebês junto a seus cuidadores vem se destacando como alternativa auxiliar na prevenção do autismo. Trata-se do Irdi, desenvolvido a pedido do Ministério da Saúde como instrumento a ser usado durante os 18 primeiros meses de vida de crianças. Com quatro eixos teóricos fundamentados na psicanálise, sua possibilidade de uso como ferramenta preventiva do autismo foi explorada por Nathalia Campana em sua dissertação de mestrado, defendida em 2014 no Instituto de Psicologia da USP (IP). De acordo com esse estudo, o Irdi é bastante vantajoso, e é aconselhado que todas as crianças sejam avaliadas com ele durante consultas de rotina ou visitas de agentes comunitários de saúde.

O M-CHAT, dispositivo de diagnóstico de autismo, costuma ser aplicado aos 18 meses de vida. Embora seja especificamente elaborado para detectar essa doença, ele pode, além de gerar resultados afirmativos sem que o autismo de fato se faça presente, chegar "atrasado", quando comparado ao protocolo pesquisado. "Crianças detectadas pelo M-CHAT não passam despercebidas pelo Irdi, e podem ser encaminhadas para intervenção clínica antes dos 18 meses de vida, caso essa medida seja necessária", explica Nathalia. "Mas, isso não quer dizer que o Irdi deve ser tomado como um instrumento específico para detecção de autismo". A presença dos sinais não significa a futura emergência da doença, necessariamente. Justamente por isso, essa avaliação não pode ser considerada ferramenta diagnóstica, e sim, apenas, auxiliar. “Nesta fase da vida, existe maior maleabilidade em aspectos orgânicos e emocionais. Então o que se verifica são somente sinais de sofrimento psíquico”, afirma ela.

A presença, porém, de uma propensão a esse transtorno e sua percepção possibilitam o encaminhamento para um tratamento específico. “Nos casos em que o sofrimento for de fato identificado, não é apenas possível, mas necessário que se inicie um tratamento de intervenção que vise acolher os estados emocionais dos cuidadores e do bebê e também ampliar os momentos de interação pais-criança”.

De acordo com a psicanálise, na qual se baseia o protocolo, o psiquismo se desenvolve no bebê a partir da relação que ele mantém com seus pais ou cuidadores. Nesse sentido, o tratamento que se propõe a partir do Irdi têm se mostrado bastante eficiente. “Ressaltar a importância de intervenção em um período ainda inicial é fundamental, pois as dificuldades relacionais ainda não se fixaram”, diz Nathalia.

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