Uma das grandes tristezas que nos deparamos a cada verão são os deslizamentos de terra em encostas, provocados pela grande incidência de chuva no período e entre outros fatores. Uma pesquisa de mestrado procurou estudar os solos de duas regiões que sofreram com esse desastre natural, realizando uma análise numérica das características da terra. A pesquisadora que esteve a frente desse projeto foi Veroska Dueñas, do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica da USP, que chegou a projetar a data do deslizamento baseando-se na análise feita.
O objetivo inicial de Veroska era estudar as características dos solos de dois locais que sofreram deslizamento de terra. Um deles é o escorregamento ocorrido em Cubatão, em janeiro de 1985, e o outro foi o ocorrido na região serrana do Rio de Janeiro, em janeiro de 2011. Os dois casos já haviam sido aprofundados por outros pesquisa dores, porém nunca foi feito um estudo numérico dos problemas, baseados em modelos matemáticos. “Ninguém tinha feito uma análise numérica [dos casos]. Disso que surgiu a ideia de estudar estes dois casos.”, diz Veroska.
A análise numérica é feita com um pacote computacional chamado Seep composto com vários programas inclusos que avaliam o comportamento do solo. Entre as ferramentas, ele avalia, por exemplo, a sucção da terra. “Com esse programa, avaliei essa sucção ao longo do ano pois ela é variável. Dependendo da quantidade de chuva ou da evapotranspiração, ela muda”. Veroska concentrou seu estudo da sucção durante o ano anterior dos escorregamentos dos casos. No caso de Cubatão, durante o ano de 1984, e no da região serrana do Rio, o ano de 2010.
Para realizar esse estudo, foi feita uma busca às pesquisas já realizadas na literatura, que davam dados como os parâmetros do solo, a geometria e os registros da chuva. Estes dados foram aplicados às ferramentas computacionais do programa que já dava a análise sobre os solos. Com isso, Veroska conseguiu chegar exatamente no dia em que ocorreu o deslizamento. “Fiz com uma ferramenta numérica para demonstrar que, tendo os dados de chuva e dos parâmetros básicos do solo, consigo saber quando que vai acontecer o escorregamento”. A análise numérica feita conseguiu bater exatamente com a data que ocorreu o escorregamento.
A ideia atual da pesquisadora é ter um contato com pessoas da área de hidrologia e meteorologia para poderem fazer uma previsão de quanto que choveria daqui a alguns anos e se essa chuva poderia causar um escorregamento do mesmo porte do que ocorreu no Rio ou de Cubatão. “Agora, os meteorologistas fazem previsões. Então, a gente está vendo se conseguimos pegar esses dados e gerar um modelo pra ver quando que vai acontecer um novo escorregamento”.