ISSN 2359-5191

09/11/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 18 - Saúde - Instituto de Psicologia
Pontos de contato entre Acupuntura e Psicanálise

São Paulo (AUN - USP) - A acupuntura tem ganhado cada vez mais espaço, como uma forma de tratamento de doenças e dores. Apesar disto, ela ainda não foi plenamente reconhecida pela ciência ocidental, principalmente pela Medicina. Isso porque esta técnica milenar baseia-se em princípios da sabedoria oriental, como união de corpo e mente, e existência de energia, que não existem no Ocidente. A palestra realizada recentemente no IP-USP, “Psicologia e Acupuntura – O Ti e a Libido”, procura confrontar essas duas formas de pensamento, buscando uma troca entre ambas.

O professor Renato Paiva Carvalho, psicólogo formado pela USP e acupunturista , mostrou que é possível comparar a libido (da psicanálise freudiana) com o “Ti” da acupuntura. Esta é uma palavra chinesa que pode ser traduzida de várias maneiras: energia, força vital, matéria. Ao mesmo tempo, há diferenças entre os dois conceitos: a libido freudiana é uma noção ligada apenas ao aparelho psíquico. Já os chineses não consideram a separação entre corpo e alma: o caractere para “Ti” significa algo material e imaterial ao mesmo tempo.

O “Ti” é formado por yin e yang, sendo que o yin é tudo aquilo que é feminino, passivo, sombrio, e yang é tudo que é masculino, ativo e luminoso. Para os chineses, todo o universo é formado por essas duas forças opostas, inclusive o homem. Por isso, a medicina chinesa faz seus diagnósticos, separando as características dos pacientes e seus sintomas em yin (frio, úmido, macio, sonolência, preferência por líquidos quentes) e yang (calor, seco, duro, insônia, gosto por líquidos frios). Por isso, como disse o professor, é normal que um médico dessa linha pergunte ao paciente se ele dorme enrolado nas cobertas ou sem elas, como parte do diagnóstico – diferente dos médicos ocidentais, que apenas pedem exames.

No corpo humano, o “Ti” flui através de canais, os chamados “meridianos”, que conduzem essa energia para todas as partes do corpo. Para os orientais, o corpo é uma unidade: assim, ao atuar em uma parte da perna específica, em um meridiano, o médico pode curar o baço ou o fígado. Além disso, cada parte do corpo está ligada a uma emoção: o coração é um ponto ligado à alegria, o fígado à raiva, o pulmão à tristeza. As pessoas podem ter uma natureza mais yang (expansivas, comunicativas, agitadas) ou yin (tímidas, introvertidas, calmas). Isso influencia no tratamento de doenças do corpo, e até no tipo de doenças que elas podem desenvolver.

Segundo Renato, a acupuntura ainda não é reconhecida pela Medicina, no Brasil. Os médicos não reconhecem as técnicas orientais como científicas. Para eles, a acupuntura poderia fazer parte do currículo das faculdades de Medicina como uma especialidade – o que seria prejudicial para esta, já que se baseia em outros princípios. Mas, apesar disto, a tendência é que ela se torne mais reconhecida. O próprio professor buscou, em seu trabalho, unir a Medicina Chinesa e a Psicologia Ocidental, para obter formas de terapia que ajudem mais plenamente seus pacientes.

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