ISSN 2359-5191

27/02/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 13 - Economia e Política - Instituto de Relações Internacionais
Banco Mundial interfere na educação básica brasileira
Através do programa Education for All, órgão internacional exerce forte influência sobre as políticas educacionais brasileiras
Através do programa Education for All, o órgão internacional exerce forte influência sobre as políticas educacionais brasileiras

Analisar as propostas do Banco Mundial para a educação brasileira. Esse foi o foco de um dos artigos presentes na dissertação de mestrado de Mariana Medeiros Bernussi, apresentada no Instituto de Relações Internacionais da USP.


A pesquisadora destaca o desenvolvimento histórico da educação mundial. Após a Segunda Guerra Mundial, uma série de organizações internacionais foi criada para promover a paz entre os Estados. Diversas questões sociais foram colocadas em pauta, entre elas a educação. Isso representou uma mudança, uma vez que o que antes era tratado apenas no âmbito doméstico, agora integra o domínio da cooperação internacional no sentido de se construir uma cultura global de educação.


Para que se possa entender de forma eficaz a dinâmica da educação mundial, segundo a pesquisadora, é necessário que se saiba qual agência internacional detém o poder sobre a educação ao redor do globo. Após análise de dados comparativos, a autora observa que, contrariando o senso comum, o grande mandatário educacional no mundo é o Banco Mundial. Através do projeto Education for All, o Banco Mundial define os rumos da educação.


Com o advento da política de Education for All, programa que busca influenciar, através de investimentos, a política educativa nacional sobretudo através da reforma da educação básica, as agências mundiais, principalmente o Banco Mundial, passaram a deter controle sobre a educação do mundo. O papel dos Estados Nacionais na promoção de políticas educacionais ficou, dessa forma, limitado. Mariana afirma que, no Brasil, esse controle é ainda mais sólido.


A pesquisadora conclui que através desses projetos educacionais, o Banco Mundial busca promover uma descentralização as decisões políticas do Brasil, ajuste nos órgãos públicos e na administração escolar, além de gerir os recursos destinados a essa área. Dessa forma, fica explícito que o impacto político-administrativo das políticas educacionais do Banco Mundial no Brasil é muito grande, podendo até mesmo apontar uma certa ingerência do BM nas práticas e prioridades nacionais. A mestranda também afirma que um há um ponto importante a ser pesquisado futuramente: o quão realmente efetivos são os projetos educacionais do BM, se eles são realmente absorvidos na rotina escolar.

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