Analisar as propostas do Banco Mundial para a educação brasileira. Esse foi o foco de um dos artigos presentes na dissertação de mestrado de Mariana Medeiros Bernussi, apresentada no Instituto de Relações Internacionais da USP.
A pesquisadora destaca o desenvolvimento histórico da educação mundial. Após a Segunda Guerra Mundial, uma série de organizações internacionais foi criada para promover a paz entre os Estados. Diversas questões sociais foram colocadas em pauta, entre elas a educação. Isso representou uma mudança, uma vez que o que antes era tratado apenas no âmbito doméstico, agora integra o domínio da cooperação internacional no sentido de se construir uma cultura global de educação.
Para que se possa entender de forma eficaz a dinâmica da educação mundial, segundo a pesquisadora, é necessário que se saiba qual agência internacional detém o poder sobre a educação ao redor do globo. Após análise de dados comparativos, a autora observa que, contrariando o senso comum, o grande mandatário educacional no mundo é o Banco Mundial. Através do projeto Education for All, o Banco Mundial define os rumos da educação.
Com o advento da política de Education for All, programa que busca influenciar, através de investimentos, a política educativa nacional sobretudo através da reforma da educação básica, as agências mundiais, principalmente o Banco Mundial, passaram a deter controle sobre a educação do mundo. O papel dos Estados Nacionais na promoção de políticas educacionais ficou, dessa forma, limitado. Mariana afirma que, no Brasil, esse controle é ainda mais sólido.
A pesquisadora conclui que através desses projetos educacionais, o Banco Mundial busca promover uma descentralização as decisões políticas do Brasil, ajuste nos órgãos públicos e na administração escolar, além de gerir os recursos destinados a essa área. Dessa forma, fica explícito que o impacto político-administrativo das políticas educacionais do Banco Mundial no Brasil é muito grande, podendo até mesmo apontar uma certa ingerência do BM nas práticas e prioridades nacionais. A mestranda também afirma que um há um ponto importante a ser pesquisado futuramente: o quão realmente efetivos são os projetos educacionais do BM, se eles são realmente absorvidos na rotina escolar.