Diferentemente das supernovas, que são explosões de estrelas mais massivas e nos proporcionam belas imagens, as novas possuem um brilho menor e são objetos muito diferentes de outras estrelas, apresentando características bem singulares. O conhecimento desse fenômeno, portanto, ainda é muito imprevisível e boa parte de seu comportamento ainda não é totalmente compreendido. O estudo de dissertação de mestrado de Larissa Takeda, do IAG, denominado "Sobre a origem dos sistemas de linhas estreitas no espectro de novas", busca justamente desvendar algumas dessas características da natureza das novas.
“Novas são estrelas binárias compostas por uma anã branca (estágio final de uma estrela de massa similar à massa do Sol) e uma estrela menos evoluída. Devido à proximidade das estrelas, há transferência de matéria da segunda estrela para a anã branca. Conforme a anã branca recebe essa matéria, a pressão em sua superfície aumenta até atingir um valor crítico. Nesse momento, a anã branca expele parte de sua massa em uma erupção”, explica Larissa em relação ao conceito de novas. E ainda completa que, da Terra, essa erupção pode ser percebida como um aumento no brilho dessa estrela.
Ao analisar o sistema de linhas estreitas no espectro de novas, entretanto, é necessário entender primeiramente como se dá o estudo desse espectro, pois ele releva diversas informações sobre uma estrela, como, por exemplo, sua composição química, temperatura e velocidade. “Esses dados são utilizados para compreender a estrutura e as condições físicas da estrela. Ao comparar diferentes espectros da mesma estrela em momentos distintos, é possível observar as mudanças que ocorrem nela e, assim, estudar sua formação e evolução”, ressalta Larissa.
Com isso em mente, o objetivo principal do estudo, então, “foi identificar a fonte física responsável pela presença destas linhas estreitas transientes, brilhantes e com velocidade radial que aparecem no espectro de algumas novas”. Isto é, utilizando o estudo do espectro, é revelado diversas informações sobre essa estrela. A conclusão que Larissa chegou foi de que, devido à velocidade radial, provavelmente essa fonte esteja relacionada ao sistema orbital. “Os modelos de fotoionização foram utilizados para simular os fluxos das linhas do espectro emitidos em diferentes regiões do sistema orbital e, assim, indicar as melhores candidatas à região emissora”, explica.
Além disso, foi possível, por meio do estudo, determinar também um grupo de novas que aparentam apresentar o mesmo fenômeno de linhas estreitas transientes. “Com os modelos de fotoionização foi possível excluir o disco de acreção e a cromosfera da estrela secundária como regiões emissoras. Os modelos também indicam a possibilidade de as linhas estreitas serem formadas pela emissão de um acúmulo de gás no ponto externo de Lagrange L3”, explica Larissa. Para o futuro, ela espera que as erupções de novas sejam acompanhadas por instrumentos de alta resolução sem intervalos da ordem de dias. “Para assim poder caracterizar melhor as linhas estreitas transientes”.