Cezar Augusto Bellezi e uma equipe de pesquisadores da Escola Politécnica, coordenados pelo professor Cheng Liang-Yee, desenvolveram um simulador que ajuda a quantificar impacto da força marítima sobre as plataformas de exploração de petróleo. A identificação desses processos pode colaborar para que sejam encontradas soluções antes das danificações.
Devido à pronfundidade em que se encontra, a exploração do pré-sal requer estruturas de longo alcance. Os equipamentos, além de caros e sensíveis, necessitam estar em alto-mar e, consequentemente, estão suscetíveis às ações violentas das águas. “Basicamente, eles [os equipamentos] ficam sob ação das ondas e quando ocorre uma condicão de clima muito severa, que é comum, ondas de maiores amplitude acabam se chocando com essas estruturas”, diz Bellezi. “É como quando você está na praia e a onda bate no seu peito.”
Segundo ele, as ondas são apenas um exemplo dos impactos hidrodinâmicos possíveis e que até hoje não existe um método que descreva esses fenômenos com toda a sua complexidade.
Ainda assim, a lógica do simulador foi criada a partir de experimentos com modelos físicos. A proposta é estudar essas ocorrências através de um método nunca antes utilizado no Brasil, chamado método de partículas (MPS), que se insere nos programas de simulação da dinâmica de fluidos (CSDs) e que o simulador reproduz. O método convencional mais utilizado para se estudar a instabilidade da água é conhecido como método de malhas. Porém, o pesquisador esclarece que este caso tem dificuldades de depreender situações não-lineares e mais violentas como as que foram citadas.
A partir de comparações com a literatura já existente, construção de protótipos e, finalmente, do simulador, foram propostas algumas soluções de engenharia para minimizar os problemas dos impactos hidrodinâmicos. Através de alguns dispositivos pode-se, por exemplo, distribuir a força sofrida por uma área maior. “A pesquisa é bem aplicável na prática, pois, a partir do momento em que chegamos à conclusão de que o nosso simulador apresenta uma precisão dos fenômenos, ele automaticamente se transforma em uma ferramenta que vai ser utilizada para projetos exatamente dessas estruturas offshore”, explica. Além disso, a pesquisa provou que o simulador do método de partículas é o que mais se aproxima da realidade das situações de impacto da água em alto-mar. Apesar de não ser a solução para todos as questões de planejamento, o simulador ainda é um fator promissor para tratar, com antecipação, os danos que podem ser causados pela dinâmica das águas marítimas, não só em plataformas petrolíferas, mas até mesmo em embarcações.
Confira no vídeo como é possível relacionar situações reais com gráficos e números: