Apesar de ainda não ter aplicação prática em seres humanos, a pesquisa de Jarlei Fiamoncini no Instituto de Ciências Biomédicas trouxe novas informações interessantes e relevantes sobre os efeitos de ácidos graxos presentes no óleo de peixe. Foi demonstrado que o óleo de peixe aumenta a oxidação de gordura no fígado de camundongos, prevenindo ganho de peso e intolerância à glicose.
O objetivo principal da pesquisa era investigar a fundo o já conhecido papel protetor dos ácidos gráxos ômega-3 (do óleo de peixe) contra a intolerância à glicose. Esse fenômeno antecede o diabetes tipo 2. Existem duas grandes categorias de pesquisa, a aplicada e a básica. Na aplicada, busca-se desenvolver uma nova terapia ou produto para ser usado na prática. Na básica, tenta-se entender mecanismos e buscar conhecimento que possam ser aplicados em futuras pesquisas ou tratamentos de doenças. Essa pesquisa em questão, encontra-se no segundo grupo, pois conclui com a ideia de que o aumento da oxidação de lipídios pode ser uma estratégia para a prevenção do diabetes.
O pesquisador resolveu trabalhar com o óleo de peixe pois o metabolismo de lipídios sempre foi do seu interesse, desde a graduação. A diversidade de moléculas e a variedade de ações que elas podem executar no organismo foram fator determinante pra escolher o projeto. O suporte por parte dos orientadores foi essencial para a pesquisa evoluir, uma vez que Jarlei vinha de um período frustrado com outra pesquisa no início do doutorado. O tema da tese surgiu após, por sugestão do professor Rui Curi, Jarlei ter iniciado estudos na investigação da ação dos lipídeos nas respostas dos músculos à insulina. “Estudando os efeitos da insulina, veio o interesse de aprofundar a pesquisa em mecanismos envolvidos no desenvolvimento do diabetes e assim surgiu o tema da minha tese.”
A pesquisa consistiu na observação de que o óleo de peixe induz aumento da oxidação de lipídios no fígado, podendo ser um dos mecanismos que previnem a intolerância à glicose. Também foi demonstrado que o efeito do óleo de peixe é maior no fígado do que nos músculos, considerados como os principais responsáveis pela captação de glicose do sangue e pela oxidação de lipídios. O diferencial dessa tese é a constatação que essa oxidação acontece em organelas celulares chamadas peroxissomos e não nas mitocôndrias e de que oa ácidos graxos do óleo não são oxidados completamente. Acredita-se que esses ácidos parcialmente oxidados sejam elimindos pelo organismo de alguma maneira, o que ainda precisa ser estudado.