Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da USP buscou compreender como os alunos da graduação em medicina percebem e interpretam a humanização no ambiente de sua formação. Conforme a PNH (Política Nacional de Humanização), entende-se por humanização, a valorização dos sujeitos implicados no processo de produção de saúde, baseada em uma conduta humanista e ética, opondo-se à qualquer tipo de violência que possa ser gerada nesse processo (institucional, física ou psicológica).
Esse termo pode dar margem a várias interpretações, se referindo a movimentos, conceitos, ações de diferentes origens históricas e linhas de pensamento. De acordo com Caroline “a humanização tem a proposta de oferecer nas práticas de saúde um atendimento de qualidade técnica, ética e relacional, articulando o bom uso dos meios tecnológicos com o bom relacionamento.” Sobre sua importância na área da saúde, ela observa que é “auxiliar no processo de saúde para um atendimento de qualidade integral, ampliando o processo comunicacional, apoiado no diálogo.”
Sobre os resultados obtidos na pesquisa, a psicóloga relata: “Os alunos entrevistados percebem a humanização em sua formação de forma não articulada e apontam a necessidade de integração do tema ao escopo da medicina. Relatam que percebem desinteresse do tema por parte dos docentes e dos discentes e apontam a necessidade de uma abordagem diferente do tema por acharem importante para sua formação.” Os diferentes discursos dos alunos mostraram que, para eles, a humanização é presente primordialmente na relação médico e paciente, de forma a cultivar o acolhimento e a empatia como fundamentais em sua prática.
Através da pesquisa, pode-se perceber que é nos cenários práticos da formação médica que a humanização é melhor aprendida, através dos modelos de profissionais que se deparam durante a graduação e através da conduta das situações que encontram durante a prática. No entanto, os alunos apontam a importância das disciplinas de humanidades, mas sentem falta do diálogo dessas disciplinas com as outras áreas e de um processo contínuo ao longo da graduação. “Os temas humanísticos ainda não são integrados de forma articulada ao corpo da formação médica na FMUSP, porém se percebe um movimento de promover a integração curricular no que diz respeito a temas humanísticos para compor o ensino do cuidado em saúde de forma que os alunos apreendam, compreendam e resignifiquem esta ação, envolvendo não só alunos, mas também professores, buscando uma mudança na cultura institucional da formação em medicina.”