São Paulo é uma das maiores metrópoles do mundo, e também é imenso o seu caos. A prefeitura tenta, há anos, projetos de revitalização urbana para reverter o quadro, como o plano diretor de 2014, mas eles apresentam grandes falhas que comprometem o seu funcionamento e prejudicam a sociedade.
Mariana Matayoshi, em sua dissertação de mestrado, analisou as últimas cinco operações urbanas na cidade e concluiu: “O que temos hoje é um desalinhamento em relação à sociedade e ao poder público. A sociedade está completamente veloz em relação ao acesso de informações, e por isso ela tem mais expectativas e menor tolerância, além de ser muito mais dinâmica e constante.Já o poder público continua estagnado em uma estrutura que não consegue expandir, com limites de verba e muito lento nessa sociedade veloz. Existe esse desalinhamento de como o poder público vai conseguir atender o cliente dele, que é a sociedade”
Além desse desalinhamento, os projetos de revitalização urbana apresentam outras falhas, como por exemplo, o tempo. Atualmente, não existe um cronograma padrão para as obras. Elas ficam refém do secretário de Desenvolvimento Urbano, que exige qual obra deve ser mais rápida, conforme o interesse. E isso também inclui os recursos humanos. Os trabalhadores também são relocados conforme o que a secretaria acha mais importante, o que traz interrupções. Tal cenário representa uma grande fragilidade, pois se prejudica o controle da eficiência dos projetos, que não seguem um cronograma planejado e detalhado.
A comunicação também é um ponto fraco nas três empresas que fazem os projetos urbanos em São Paulo. A SP Urbanismo atua como uma espécie de selecionadora dos projetos, fazendo todas as partes preliminares e separando-os entre o Metrô, que cuida dos transportes, e a SP Obras, que executa o restante dos projetos. Tal relação deveria funcionar de forma alinhada, mas não é o que acontece. A comunicação é feita de maneira informal e por conversas indiretas. Não há formalização da comunicação sobre solicitação de mudanças, o que deixa questões fundamentais em aberto.
Para solucionar esses problemas nos projetos urbanos de São Paulo, Mariana resume em uma palavra: planejar. “É preciso criar padrões e procedimentos, e mudar de visões. A SP Urbanismo, gestora dos projetos, precisa andar a frente. Atualmente, a população reclama, e ela reage. Ela precisa realizar as mudanças e aí sim receber uma resposta. A sociedade precisa receber o que ela não esperava ou que cabe a ela sem ter essa consciência. Isso é uma mudança interna”
Para Mariana, Planejamento e conhecimento de gerenciamento de projetos ainda é pouco conhecido. “Nem as pessoas que trabalham isso sabem o que é. É preciso aprender mais, sentar e planejar, decidir quais princípios e procedimentos a serem usados antes de começar”.