São Paulo (AUN - USP) - Pioneira nessa idéia, a FOUSP (Faculdade de Odontologia da USP) possui um banco de dentes que recebe cerca de 800 unidades por mês. No entanto, por ano são doados cerca de 1500 dentes só para alunos de graduação. Já em relação aos dentes enviados para pesquisa, o número doado é muito maior. O banco existe desde 2000 e o principal objetivo é arrecadar dentes para serem doados para estudo e projetos dos alunos e funcionários da faculdade. Trabalham no banco os próprios alunos da faculdade.

A idéia surgiu, pois havia uma espécie de “mercado negro de dentes”: maus profissionais arrancavam, em suas clínicas, dentes que não precisavam ser obstruídos. Em seguida os vendiam para pesquisa. Calcula-se que uma faculdade de Odontologia gaste cerca de três a quatro mil dentes por semestre. Por isso, tal comércio era bastante lucrativo e a necessidade de um banco que organizasse essa distribuição era muito grande.

Os dentes são arrecadados de diversas fontes, como clínicas particulares, hospitais e até mesmo das clínicas existentes na própria faculdade. Além dos dentes permanentes há também um banco para os dentes decíduos, os chamados “dentes de leite”. Nesse caso, muitas mães os enviam pelo correio para o banco.

Os materiais recebidos têm de ser altamente higienizados, pois chegam com muito resíduo bucal. Em seguida os dentes são classificados e armazenados sob refrigeração até o momento da esterilização. De acordo com a necessidade dos alunos e professores, os dentes vão sendo distribuídos gratuitamente e servem para estudos e pesquisas. Algumas vezes é exigido apenas que se dê outro dente em troca do que foi doado pelo banco.

O tipo mais recebido no banco é o conhecido “dente do juízo”, devido ao grande número de pessoas que o extraem. Já os tipos mais dificilmente encontrados são o 1º e o 2º molar ígido, uma vez que esses são dentes retirados somente em último caso.

“Quando criamos o banco de dentes, houve um pioneirismo em um sentido mais amplo de fornecimento. Montamos uma estrutura e uma organização específica para esse fornecimento”, afirma Fábio Tieri, funcionário do banco e que fez parte da fundação do banco de dentes permanentes. Antes, segundo Fábio, cada departamento dentro da faculdade tinha um armazenamento, mas que não era completo. Hoje, a existência de uma única unidade facilita a organização e o envio.

Além de suprir as necessidades da Faculdade de Odontologia de São Paulo, o banco envia dentes também para campis em Bauru e para universidades no Rio de Janeiro. Hoje em dia, a maior parte dos profissionais já consideram o dente um órgão humano, e por isso, para que exista uma banco é necessária fiscalização e autorização da vigilância sanitária. Devido ao pioneirismo da FOUSP, a idéia se espalhou.

As doações podem ser remetidas pelo correio ou levados diretamente ao Banco de Dentes da FOUSP: Av. Prof. Lineu Preste, 2227 - Cidade Universitária - São Paulo (SP).