ISSN 2359-5191

29/04/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 28 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Estudo amplia métodos de distensão articular em cirurgia animal
Utilizada na artroscopia, a solução de Ringer com lactato pode ser utilizada em temperaturas variadas, de acordo com a necessidade do procedimento
Artroscopia realizada em equino pelo professor Luis Claudio Lopes Correia da Silva, da FMVZ

A artroscopia é uma cirurgia que trata lesões nas articulações, e é realizada de forma semelhante nos humanos e nos animais. O procedimento é minimamente invasivo, feito a partir de duas pequenas incisões: uma entrada para o artroscópio (aparelho que permite olhar dentro da articulação) e uma entrada instrumental. Além disso, é feita a distensão articular a partir da inserção de um líquido na articulação (uma espécie de soro, chamado solução de Ringer com lactato). O mestrando Kaio Barros Bezerra, orientado pelo professor Luis Claudio Lopes Correia da Silva, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ), realizou uma pesquisa experimental em ovinos e equinos que avaliou o efeito inflamatório de diferentes temperaturas (5, 12, 25 e 38 ºC) do líquido usado na distensão.

A distensão é feita em um fluxo constante de líquido, com via de entrada e saída, o que garante a lavagem e faz com que a imagem gerada pelo astroscópio seja menos turva. Além disso, "a distensão é importante para que se amplie o espaço, afastando a cápsula articular da superfície articular", explica o professor Luis Claudio. Em muitos casos, a articulação já está inflamada antes da cirurgia, o que aumenta a  possibilidade de sangramento em maior quantidade. Nesses casos, seria vantajoso fazer a distensão com o líquido em uma temperatura mais baixa, que causaria a contração dos vasos sanguíneos (vasoconstrição), diminuindo o sangramento. Porém, esse tipo de procedimento com o líquido frio ou gelado não era utilizado, pois existia o receio que a baixa temperatura pudesse intensificar a resposta inflamatória e consequentemente comprometer a rápida recuperação. Dessa forma, a pesquisa foi importante para esclarecer algumas dúvidas cotidianas nas cirurgias veterinárias, de forma que os procedimentos pudessem ser realizados da melhor maneira possível, sem haver o receio de piorar a inflamação.

Com a pesquisa, descobriu-se que a temperatura da solução de Ringer com lactato é indiferente para a inflamação pós-operatória. Segundo o professor Luis Claudio da Silva, "O que acaba determinando o efeito inflamatória transitório é a lavagem da articulação com o líquido, e não a temperatura em si". Ou seja, a inflamação articular que ocorre após a cirurgia é natural, já que o próprio procedimento conta com a realização das incisões, da distensão e da lavagem, que causam uma agressão à articulação independente da temperatura do líquido. Com o sucesso da pesquisa, a FMVZ já utiliza o líquido gelado em cirurgias desse tipo, de forma a diminuir o sangramento e melhorar a qualidade do procedimento.

Além da possibilidade de utilizar diferentes temperaturas de líquido, dependendo da necessidade da cirurgia, a distensão da articulação também pode ser feita com gás. Em outra pesquisa, também orientada pelo professor Luis Claudio e realizada pela aluna  Renata Bello Rossetti, foi provado que o gás não é prejudicial para a recuperação do paciente. Ou seja, o uso de gás ou líquido é indiferente para a inflamação transitória que normalmente já ocorre após a cirurgia. Dessa forma, cabe ao médico veterinário avaliar qual o melhor método a ser utilizado. A vantagem de usar o líquido é que, além de distender a articulação, ele também lava a região da cirurgia, melhorando a visibilidade do cirurgião em casos de sangramento. Porém, quando o sangramento é menor, o gás apresenta uma melhor visibilidade, pois não turva a imagem. O que acontece atualmente nas cirurgias da FMVZ, é, de acordo com a especificidades da cirurgia, intercalar, numa mesma cirurgia, o uso de líquido e de gás.


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