ISSN 2359-5191

30/04/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 29 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Diabetes gestacional não tem relação com gordura corporal dos bebês
Estudo aponta que tecido adiposo dos recém-nascidos está na verdade associado a outros fatores relacionados às mães
Doença adquirida durante a gravidez não apresenta relação com gordura corporal do recém-nascido

A obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública enfrentado na atualidade. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 42 milhões de crianças com idade inferior a cinco anos eram obesas ou estavam acima do peso em 2013. Orientada pela professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP Patrícia Rondó, a pesquisadora Laísa Ribeiro,  avaliou como a diabetes gestacional poderia influenciar esse quadro nas gerações futuras, e chegou à conclusão de que a doença isoladamente não é a causadora do aumento da porcentagem de tecido adiposo dos recém-nascidos, e ,sim, a sua presença combinada a outros fatores associados ao quadro, como o estado nutricional pré-gestacional da mãe, ganho de peso durante a gestação, idade e número de filhos.

A hipótese inicial de Laísa, que foi defendida em sua dissertação de mestrado, era de que haveria uma relação direta entre a diabetes gestacional e a quantidade de gordura corporal dos recém-nascidos. Uma avaliação inicial apontou que, apesar de possuírem média de peso ao nascer semelhante a encontrada em bebês de mães saudáveis, havia uma alteração corporal que aumentava o nível maior porcentagem de massa gorda nos filhos de mães que desenvolveram diabetes gestacional. “Se a criança nascer com peso normal, mas com maior quantidade de tecido adiposo e mantiver isso ao longo da vida, indiretamente essa porcentagem de gordura elevada sempre influenciará no surgimento de doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade”, explica a pesquisadora.

Contudo, ao estender seu estudo e aplicar métodos de análise estatística ainda mais específicos, Laísa verificou que outros fatores associados ao quadro da doença eram os causadores dessa alteração: “As mulheres que analisei já engravidavam mais velhas, com peso elevado em relação à altura (IMC) e agregavam mais peso durante a gestação”, aponta a pesquisadora. Isso indicou que o estado nutricional da mãe antes e durante a gravidez eram os maiores responsáveis pelo aumento de tecido adiposo dos recém-nascidos.

“Esses fatores (IMC pré-gestacional elevado e acúmulo excessivo de peso) podem levar à um círculo vicioso e problemático dentro da saúde pública pois comprometem a saúde da mãe, que pode evoluir para diabetes tipo dois após a gestação, e a do bebê, que pode ter a chance de desenvolver doenças crônicas no futuro aumentada”, completa Laísa.

 

Metodologia

 

A pesquisa foi realizada no Hospital Maternidade-Escola Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva situado na Vila Nova Cachoeirinha. Participaram 62 mães — número estendido para 75 posteriormente — com diabetes gestacional e seus bebês em comparação com 215 mães saudáveis, através de comparação com dados de outra pesquisa. O estudo “Relação entre a composição corporal e leptina e adiponectina séricas maternas e composição corporal do neonato” de Natália Pinheiro de Castro, realizado no mesmo local e com mesmo equipamento, forneceu as informações sobre as mais de 200 mulheres que foram usadas para comparação.

Fui nos prontuários da Casa da Gestante, que é o local onde a mãe que teve descompensação glicêmica fica internada durante a gestação, e, após o parto, expliquei a pesquisa e recebi consentimento para a realização dos procedimentos. As composições corporais as medidas antropométricas (peso, altura e circunferências) das mulheres e seus recém-nascidos foram feitas nas primeiras 72 horas de vida da criança e foram comparados com os resultados da pesquisa da Natália Castro.”

Para medir a composição corporal dos recém-nascidos dessa pesquisa, foi utilizado um método não invasivo e preciso, chamado pletismografia por deslocamento de ar, medido pelo equipamento PEA POD. Este foi o mesmo equipamento utilizado na pesquisa de Natália e é utilizado para obter uma estimativa da composição corporal dos bebês pelo deslocamento do volume de ar.

Com o objetivo de aprofundar a pesquisa, foi realizada uma uma análise de regressão multivariada com o auxílio da professora de estatística da Faculdade de Saúde Pública, Denise Pimentel, a fim de realizar uma comparação que controla fatores que podem influenciar a diabetes gestacional. Esse método permitiu que o resultado final não fosse comprometido e descartou a hipótese inicial da relação direta entre a diabetes gestacional e a quantidade de tecido adiposo do recém-nascido.

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